Coração Esportivo para a Família

A Alfa Romeo sempre foi um orgulho para os italianos. A marca de Milão sempre se destacou, desde 1906, pelos seus carros de motores dispostos, velozes e “raçudos” . Pela ótima posição de dirigir, pelo volante de madeira, pela alavanca de marchas no alto do console em posição inclinada e pelo belo emblema no capô. 

Para a locomoção da família, sempre se preocupou com modelos de quatro portas com caráter esportivo. Em 1925, o modelo RL Super Sport vinha com uma carroceria conversível muito imponente. Podia ser fechado por uma capota de lona e suas belas rodas raiadas se destacavam. Tinha seis cilindros em linha, 3.000 cm³ e potência de 86 cavalos. Sua velocidade final era de 130 km/h. Ótima para a época. 

Na década de 30 outro modelo também fez muito sucesso. Era o belo 6C 2.300 na versão Gran Turismo. 

Em 1950 lançava um carro para a família que era o 1900 Berlina Super (abaixo) . Tinha quatro cilindros em linha, 1.894 cm³ e potência de 90 cavalos a 5.200 rpm. Este motor já tinha o famoso duplo comando de válvulas, também conhecido como “Twin Spark” . Com linhas bem arredondadas sua carroceria era monobloco.

No final da década de 50, o modelo grande da família Alfa era o 2.600 que serviu de base, era quase idêntico, ao nosso FNM. Tinha 6 cilindros em linha, 2.584 cm³ e 130 cavalos a 5.900 rpm. Este modelo de 4 portas tinha 4,70 metros de comprimento e pesava 1.380 quilos.

Em 1965, a famosa OSI (Officina Stampaggi Industriali)  apresentava uma versão do 2.600, chamada 2.600 De Luxe, com uma bela carroceria de linhas mais retas e áreas envidraçadas amplas que foi fabricado em pequena escala. Um fora de série.

Três anos depois, em janeiro, nascia um novo modelo que unia discrição, luxo e esportividade. Era o 1750 Berlina. O novo sedã de quatro portas tinha ótima área envidraçada, quatro portas e linhas retas. Seu desenho fora baseado no irmão menor, o Giulia, também um três volumes de quatro portas.

Na frente quatro faróis redondos,sendo que os das extremidades tinham diâmetro maior. A  grade de fundo preto tinha sete frisos horizontais cromados paralelos que se juntavam com o famoso símbolo da marca, em forma de coração, ao centro. Um autêntico Alfa. Media 4,39 metros de comprimento e pesava 1.110 quilos.

Seu motor de quatro cilindros em linha, dianteiro, refrigerado a água, tinha 1.779 cm³, e potência de 118 cavalos a 5.500 rpm. Era alimentado por dois carburadores de corpo duplo que podiam ser da marca Webber ou da não menos famosa Dellorto. Sua velocidade máxima era de 180 km/h e a aceleração de 0 a 100 km/h em 10,5 segundos. A tração era traseira e seu cambio tinha 5 marchas que já era padrão na casa de Milão há décadas.

Era um carro bom tanto para o transito urbano quanto para as estradas. Tinha muito boa estabilidade. Sua suspensão dianteira independente, tinha molas helicoidais, amortecedores telescópicos. Atrás tinha também molas helicoidais, amortecedores telescópicos, eixo rígido e barra estabilizadora. Os pneus 165 SR 14 estavam em belas rodas de aço que recebiam uma calotas cromadas.

A elegância também estava por dentro. O volante de três raios, esses de alumínio, tinha o aro em baquelite. Diante dele dois grandes mostradores onde se destacavam velocímetro e conta-giros. No alto do console central mais quatro mostradores para ajudar o motorista a controlar a “máquina”. Todos eram da marca Jaeger ou Veglia.

Só o pedal do acelerador era suspenso. O de embreagem e freio tinham acionamento com hastes vindas do assoalho. As reclamações eram muitas, pois eram duros. Para pernas musculosas .... Os bancos tinham desenho bonito e eram confortáveis. Atrás havia um descansa braço central era removível. Por dentro, como era característica da marca, o elegante se misturava ao esporte. Sem distorções e tudo com muito bom gosto ao estilo italiano.

Em 1970 sofria mudanças pequenas que agradaram muito. Por dentro o aro do volante recebia madeira. O descansa braço atrás passa a ser escamoteável. Podia assim abrigar um quinto passageiro com mais conforto.

Na parte mecânica recebia novo comando de válvulas e os freios, a disco nas quatro rodas,  passam a ter duplo circuito e reservatórios de óleo de freio duplos. Por fora,  os sinalizadores de direção eram fixados na carroceria abaixo da grade e nas laterais dos pára-lamas dianteiros.

Um ano depois recebia caixa de marchas de três velocidades da marca ZF visando o mercado dos Estados Unidos. 

Em 1972 recebia mudanças internas e externas que iam agradar muito. O motor de quatro cilindros passava a ter 1.962 cm³, seu bloco era em ferro fundido e o cabeçote em alumínio. O virabrequim estava com cinco mancais. Graças também ao dois carburadores de duplo corpo Dellorto DLH ou Solex C 40, posicionados horizontalmente, a potência era da ordem de 132 cavalos a 5.500 rpm. O torque máximo passa a ser de 19 mkg.f a 3.500 rpm. Sua velocidade máxima era de 190 km/h e vencia os primeiros 1.000 metros em 31 segundos.

Por fora os faróis passaram a ter o mesmo tamanho sendo que os principais tinham lâmpadas de iodo. O “coração” estava maior e só um friso central cromado fazia parte da grade de fundo preto. As rodas perderam as calotas mas ganharam um desenho bonito mantendo a tradição Alfa. Como opção havia as de alumínio idênticas ao esportivo Montreal (saiba mais)

Os mostradores principais passavam a ter fundo branco e outros saíram do console central para a parte inferior central do painel. Também apoios de cabeças para todos os bancos. E os pedais de freio e embreagem passaram a ser suspensos.

Seus concorrentes diretos eram o BMW 2000 Tii, o Citroën DS 21 ie, o Lancia 2000 ie, o Rover 2000 TC e o Volvo 144 GL

Foi fabricado também com volante do lado direito, pois era muito apreciado na Grã-Bretanha e também na África do Sul onde ia desmontado no sistema CKD. E para os EUA, o 2000 passou a ser exportado com injeção mecânica.

Em 1972, surgia o sedã Alfetta (acima) com motor de 1.800 cm³. Seria o substituto natural do 2000 Berlina. Porém o 2000 Berlina, adorado pelos puristas, foi produzido até 1976.

Texto e montagem Francis Castaings. Demais fotos de divulgação                                  

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