Compromisso com a monarquia

Uma das mais antigas fábricas de automóveis do mundo nasceu na Grã-Bretanha. Em 1893, F.R. Simms, conseguiu, sob licença, o desenvolvimento das ideias do genial alemão Gottlieb Daimler. Nascia a Daimler Motor Syndicate. Três anos depois começou a importação dos motores e, em 1898, o Sr. Daimler saiu da sociedade e o grupo inglês, Lawson assumiu. A afinidade da marca com os monarcas começou quando o Príncipe Eduardo VII, futuro rei, dirigiu um Daimler 6 CV. Nesta ocasião ele estava ao lado do Lord Montagu, um entusiasta de bons automóveis.

Nos anos 50 a firma pertencia a Bernard Docker que também era diretor geral e dono da famosa marca de motocicletas BSA e de indústrias de armamentos. Neste período a empresa desenvolveu automóveis muito sofisticados,exóticos e, consequentemente, caríssimos. Por este motivo não venderam muito e também porque eram muito excêntricos.

Anos depois, em 1961, a famosa fábrica britânica de carros de prestigio, a Jaguar, comprava a Daimler que já estava debilitada financeiramente também por causa da Segunda Guerra Mundial. A Daimler seria a divisão Jaguar de automóveis sofisticados assim com a Bentley era da Rolls-Royce. Nesta época, o produto de maior prestigio da Daimler era o modelo Magestic Major, um tanto já envelhecido. Na versão saloon ou limusine, possuía um motor dianteiro de 8 cilindros em "V", 4.560 cm³ que desenvolvia 220 cavalos. Na opção mais sofisticada, media 5,74 metros de comprimento e pesava 2.017 quilos. Com este porte, sua velocidade máxima de 175 km/h era satisfatória.

 














Em 1968, os poderosos grupos ingleses, BMC (British Motor Company) e a British Leyland se unem. A empresa Jaguar passava a fazer parte deste e o primeiro produto nascia sobre a batuta e prancheta de Sir Willians Lyons, o fundador da Jaguar. Tratava-se da limusine Daimler DS 420 com linhas inspiradas no Jaguar MK X 420. Chegava para substituir o Daimler Majestic Major e o Vanden Plas Princess.

O novo imponente automóvel tinha linhas clássicas e bonitas. Misturava o traço reto e também o anguloso. Mas não era nem um pouco moderno. Com os mesmos 5,74 metros de comprimento do modelo Majestic, não passava despercebido. Sua carroceria tinha três volumes, quatro portas e o destaque ficava por conta do desenho da tampa do porta-malas que mais tarde inspiraria os projetistas do Cadillac Seville de 1980. Era fabricada pela afamada Vanden Plas, tradicional empresa de carrocerias fundada em 1923, sob orientação da Hooper. As três janelas laterais garantiam uma boa visibilidade. Como nos Rolls, Mercedes e Jaguar sedans, a grade dianteira subdividida, tinha desenho  tradicional e era muito sofisticada, bem trabalhada e chamava atenção. O emblema que ficava sobre esta, e parte do capô, também era visto com admiração.

O grupo óptico era formado por quatro faróis redondos alinhados lado a lado. Abaixo tinha luzes de seta e pequenas entradas de ar, estas exclusivas para aeração da cabine.

Seu motor era um seis cilindros em linha, dianteiro e arrefecido a água. Tinha 4.235 cm³ e desenvolvia 164 cavalos a 4.500 rpm. Sua taxa de compressão era de 8:1 e o torque máximo de 39 mkg era atingido a 3.750 rpm. Era alimentado por dois carburadores da marca SU e tinha duplo comando de válvulas. Esta motorização era a mesma do Jaguar 420 D. O cambio automático, de série, tinha três velocidades. Sua tração era traseira e a velocidade máxima de 175 km/h. Nada mal para um veículo que pesava 2.170 quilos. Os freios eram a disco nas quatro rodas sendo que os dianteiros eram ventilados com servo freio de série. A suspensão era independente e tinha amortecedores hidráulicos. Atrás tinha barra estabilizadora. Usava pneus 225 x 15 e em suas rodas as calotas tinham desenho simples, mas muito bonito.  Sua portas tinham  abertura muito ampla assim como o porta-malas. Por dentro era luxuoso, elegante e muito requintado. O material empregado era de primeira linha.

O painel, todo em madeira nobre, dispunha de velocímetro, conta-giros, relógio analógico, e mostradores que, indicavam a carga da bateria, pressão de óleo, temperatura do motor e nível do tanque. O volante de dois raios tinha aro cromado para a buzina. A cabine do motorista podia ser separada ou não do resto do compartimento.

Nos bancos de trás, muito confortáveis e com revestimento de tecido de alta qualidade, os passageiros tinham a disposição comandos diversos nos apoia braços. Ainda mesas de leitura, bar refrigerado e televisor. Não faltavam banquetas para os eventuais seguranças. Transportava com muita classe sete passageiros. Em 1969 era lançada a versão Landaulet que também tinha muito charme por conta da abertura da capota de lona para os assentos traseiros.

Visto de trás

Outra, não muito desejada, mas também imponente, era a versão carro funerário com ampla área envidraçada !!! Para os súditos verem seus monarcas a caminho do céu.

Em 1980 seu preço era 50 % inferior a de um Rolls Royce Silver Wraith II o que o tornava extremamente atraente pois, em termos de luxo e conforto, o Daimler nada devia. Muito pelo contrário, pois suas linhas quase inalteradas e clássicas faziam a diferença. Em 1989 ele representava 15 % das vendas da Jaguar. Além do sucesso no Reino Unido havia também em toda Europa entre embaixadas, consulados e realezas. Ele era usado regularmente por Sarah(Fergie), a Duquesa de York, pelo príncipe Charles, pela Princesa Anne e pela princesa Margaret. Mas sempre foi o preferido da Rainha Mãe e sempre foi o automóvel privilegiado  pela família real.

Foram produzidas 3.717 limusines DS 420 Vanden Plas durante os 25 anos de existência. Foram poucas alterações de estilo e de acabamento. Sua fabricação foi encerrada em 1992. Na época havia um projeto de um Jaguar XJ limusine para substituí-lo, mas este não foi para frente.

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Na realeza britânica

Várias empresas de grande porte o tem como carro de representação. Também o Gran Duque de Luxemburgo, a Coroa Dinamarquesa, o Governador das Ilhas Bermudas, o Governador da Tasmânia e uma cadeia de hotéis de Hong Kong tem mais de vinte modelos.

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Nas Telas de 007

Em The Living Daylights (007 Marcado para a Morte), de 1986, foi o décimo quinto filme da série James Bond e o primeiro a estrelar Timothy Dalton como agente secreto 007. O belo Daimler aparece logo no princípio do filme.

A segunda vez foi em 1997 no filme O Amanhã Nunca Morre (Tomorrow Never Dies) numa bela cena em que faz uma curva em Londres.

Pela terceira vez foi em Casino Royale em 2006.

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Em Escala

A Miniatura em escala 1/43 de Casino Royale. Ao fundo o Hotel Splendide. Uma bela miniatura detalhada

 


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Texto e montagem Francis Castaings. Fotos de divulgação.

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