A Discreta Esportividade da Burguesia

Quem houve falar no nome mágico Ferrari, sempre associa a um carro vermelho, muito esportivo, de formas agressivas, de perfil baixo, rápido e geralmente com pouco conforto e barulhento. Mas nem sempre é bom rotular um produto, quanto mais um automóvel que leva “O Cavallino Rampante”. 

Em setembro de 1972 era lançado o Ferrari 365 GT 2+2. O elegante esportivo tinha três volumes distintos e a frente era levemente inclinada. Pouco abaixo da linha do capô seus quatro faróis principais, redondos, ficavam escondidos. Eram escamoteáveis.

Se eles não fossem acionados tinha-se a impressão que eram retangulares e finos, pois abaixo estavam os auxiliares. Ficavam junto com os pisca-pisca fazendo um conjunto muito harmonioso na frente do carro. Abaixo o modelo antecessor Ferrari 365 GT 2+2 produzida entre 1968 e 1971

                   

Logo abaixo vinha o para-choque mediando à linha frontal que ficava acima da grade de refrigeração. Atrás chamavam atenção as quatro lanternas redondas. Entre elas, a identificação do modelo a esquerda da placa e o cavalinho empinado cromado de outro.

A visibilidade do cupê era muito boa para todos os lados. Era espaçoso para quatro passageiros e os de trás não sofriam muito como em outros modelos 2+2 de luxo. Sua carroceria era assinada por Pininfarina. Sua meta era concorrer na época com o Mercedes-Benz 500 SLC e o Aston Martin DBS. Ambos com motor V8 e muito luxo. A carroceria media 4,81 metros e pesava 1700 quilos. Como manda a tradição na época, seu motor, posicionado na dianteira, tinha doze cilindros em “V”, 4,823  litros, arrefecido a água, todo em liga de alumínio e fornecia 340 cavalos. Tinha duplo comando de válvulas no cabeçote e a alimentação era fornecida por seis carburadores de corpo duplo. O tanque de gasolina comportava 120 litros.

O proprietário de carro queria luxo, elegância, boa “máquina” sem abrir mão da esportividade. Por isso de série era fornecido um cambio automático, coisa rara num carro de Maranello. O mecânico de cinco marchas mecânico era opcional. A tração era traseira. 

Era veloz e estável. Um carro bastante equilibrado mesmo em curvas fortes e de raio curto. Usava pneus 215/70 VR 15 em belíssimas rodas de liga leve. Do pentágono central onde se destacava o símbolo Ferrari e cinco parafusos cromados, saiam cinco raios em forma de trapézios. Sua velocidade final era de 240 km/h e os 1000 metros eram cobertos em 27 segundos.  

Em outubro de 1976 ele passa a ter a designação de 400 e todos os amantes da marca o conhecem mais por esta designação. Linhas clássicas, sem agressividades, e imponentes,  recebeu a designação de 400i em setembro de 1979 graças a introdução de injeção eletrônica da marca Bosch. O fôlego do motor ainda continuava muito bom. O motor passa a ter 4,943  litros o que compensava a perda de 25 cavalos por causa da injeção. A taxa de compressão foi aumentada de 8,8 para 9,6:1

Em 1985 passava a se chamar 412 e uma das poucas alterações externas era a saia da frente que passava a ser na mesma cor do carro. Anteriormente era preta. A grade abaixo do para-choque estava mais estreita e o equino cromado também estava lá. Recebia também rodas modelo TRX e a traseira estava ligeiramente reestilizada.

Em testes europeus em 1986 fez de 0 a 100 km/h em 7,8 segundos e sua final era de 247 km/h. Ótimos números, dignos de um Ferrari. E a bela sonoridade do V12 só era sentida a altas velocidades. Em segurança ganhava freios ABS e suspensão regulável em altura. Contava com dois tanques de gasolina, feitos em alumínio, totalizando 116 litros. Seus concorrentes diretos agora eram o Porsche 928 S4 e o Mercedes-Benz 560 SEC. Todos os três com mais de 300 cavalos. E custando muito caro. 

Por dentro do 412 o volante de três raios com forração em couro era o destaque. Bem a frente, com fundo preto e marcação em vermelho, o velocímetro, conta-giros, o manômetro e o marcador de pressão de óleo. Este carro tinha também um radiador de óleo. 

Outro detalhe que o distinguia dos outros irmãos de marca, era a ausência da grelha polida da alavanca de marchas. Tinha a luva em couro. Todos os bancos e forrações tinham o nobre tecido também. De serie ainda tinha o ar condicionado, volante regulável em altura, vidros elétricos e regulagem dos retrovisores idem, pintura metálica e travamento automático das portas. 

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Uma das opções em 1986 era o jogo de valises em couro na cor bege. Não era nem um pouco barato, algo em torno de 2000 dólares.Em 1988 a marca italiana havia produzido cerca de 4.000 esportivos. Em 1989 a Limousine esportiva 412 deixava de ser produzido após 17 anos sem que seu estilo fosse alterado em quase nada.

Nota: Faço aqui uma pequena homenagem ao empresário, piloto e colecionador Clemente Faria, falecido em 2012 que foi proprietário da Ferrari 400 das fotos.

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Nas ruas

Fotos realizadas em 1988

 Este carro pertencia a uma senhora de muito bom gosto!

Texto, fotos e montagem Francis Castaings                             

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