A mais bela obra de Ferruccio

A magia esportiva sobre rodas que abalou o mundo do automóvel em seu lançamento no Salão de Genebra, na Suíça, em 1966: O Lamborghini Miura! Miura é o nome de uma raça de touros espanhola Fighting Bull ou Toro de Lidia da Espanha. É criado na Ganadería Miura, na província de Sevilha, na Andaluzia. O rancho é conhecido por produzir touros grandes e difíceis.

Ferruccio Lamborghini nasceu em 1916 e já adulto era um mecânico. Aos trinta anos transformava veículos militares usados na Segunda Grande Guerra em maquinas agrícolas. E lançou sua própria marca de tratores em 1949.  Na década de 60 já tinha uma grande fortuna, pois fabricava equipamentos de aquecimento de imóveis e também ar condicionado. Foi quando comprou seu carro esporte por uma bela quantia, mas não estava satisfeito e foi se queixar com o dono da empresa. Este sugeriu a Ferruccio que construisse seus próprios carros! E tinha meios para isso!

Foi em 1963 a empresa de Ferrucio apresentou no Salão de Torino, na Itália, seu primeiro GT.

Sua equipe era formada por Giotto Bizzarrini ( elaboração do motor) , Gian Paolo Dallara (engenheiro) , com ajuda de Paolo Stanzani (Engenheiro e designer)  e Bob Wallace (piloto de testes neozelandês). Eles tinham a tarefa de desenvolver uma versão de produção de um carro esporte. Este belo automóvel tinha um motor V12 de 3.497 cm³  qua desenvolvia 280 cavalos.  Foram produzidos 120 unidades deste carro que em luxo, motorização e performance estavam a altura da concorrência. Era o 350 GT e depois a versão 400 GT com 3.929 cm³. Foram construídos cerca de 250 unidades.

No Salão de Torino de 1965 era apresentado um belo chassi tubular  em aço com pneus e motor V12 em posição central traseira inédito para um carro que ia entrar em produção. Causou euforia perante ao público e imprensa. Sua equipe já pensava em colocar o carro para competir nu mundial de marcas, mas essa não era a intenção do patrão. A transmissão e motor tinham um cárter único que causou alguns problemas já em produção. Mas foi solucionado em outras versões

O designer Marcello Gandini tinha apenas 27 anos, já era responsável pelo departamento de estilo Bertone quando apresentou a obra de arte sobre rodas. Sua primeira denominação foi P400 TP ( Transversal Posterior) . Foi apresentado no Salão de Genebra na Suíça em 1966. Mais uma rivalidade: Era um Bertone contra Pininfarina! Conta a história que após a apresentação no salão o carro foi para as ruas de Mônaco, em Monte Carlo, nas mãos de Bob Wallace, para ficar estacionado em frente ao Casino no dia do Grande Prêmio de Fórmula Um, 22 de maio de 1966. Fez tanto sucesso que alguns deixaram de ver a vitória de Jackie Stewart em seu BRM P261

O desenvolvimento do P400 se deu graças a Dallara, Bob Wallace e Marcelo Gandini. Nesta época Giotto Bizzarrini já estava com sua empresa desenvolvendo o 3500 GT e o Iso Grifo (saiba mais)

Para intimidar seu chassi foi exposto no Salão de Torino em 1965. Seu motor V12 em posição transversal, tinha 3.992 cm³ e 350 cavalos a 7.700 rpm. Seu torque de 38,5 m.kgf.

Era alimentado por seis carburadores Weber de corpo duplo e depois passou a ter quatro carburadores Weber de corpo triplo e podia atingir sem esforço 280 km/h! Mas por prudência e falta de pneus adequados foi limitado a 260 km/h. Fez tremer a concorrência! Os primeiros clientes tiveram problemas com o motor e a empresa achava melhor substituir ao invés de repará-lo. Foram produzidos 474 exemplares até 1968 e um roadster (raro). Seu motor e cabeçote eram em liga de alumínio com duplo camando de válvulas no cabeçote, taxa de compressão de 9:1 e virabrequim com sete mancais. Tinha freios a disco nas quatro rodas com duplo circuito da marca Girling. Era fabricado em Sant'Agata Bolognese, ao norte da Itália não muito longe de Modena.

Nascido em Turim em 1938, Marcello Gandini projetou alguns dos mais belos carros italianos nos meados dos anos sessenta. Durante muito tempo, como designer-chefe da Bertone, ele foi responsável pelo famoso Lamborghini Miura, que muitos consideram ser o primeiro supercarro da história, com um motor de centro traseiro e um V12 de 3,9 litros.

Calçava pneus na medida 205 VR 15 e tinha belas rodas da marca Borrani com cubo rápido

Lamborghini Miura S (abaixo e acima)  foi apresentado no Salão de Torino em 1968 com 20 cavalos a mais totalizando 370 a 7.700 rpm  Em 1968 a casa Bertone já havia construído mais de 500 carrocerias. Seus concorrentes eram o Aston Martin DB6 Vantage, o Bizzarrini 3500 Strada, o De Tomaso Mangusta, o Ferrari 275 GTB 4 e o Maserati Ghibli 4700 GT. Todos na mesma faixa de preço em 1968. Tinha ótimo acesso para manutenção tanto na frente quanto atrás.

As persianas que foram imitadas em vários outros esportivos. A visibilidade traseira era limitada, mas pouco importava quem vinha atrás. Media 4,36 metros de comprimento e 1,76 de largura e altura de 1,10 metros. Seu peso era de 1.180 quilos. A parte abaixo das portas podia ser pintada de preto, prata ou dourado fazendo uma bela combinação com a cor da carroceria.

O motor V12 a 60 graus da versão S com dois comandos de válvulas no cabeçote. Na versão S tinha 370 cavalos a 7.700 rpm e um torque de 39,5 m.kgf

Por dentro da versão S. A caixa tinha cinco velocidades e a grelha era como a maioria dos grandes esportivos italianos. O conta giros era graduado a 10.000 rpm e seu velocímetro a 320 km/h. No console central tinha ótima instrumentação! Em 1967 já tinha acionamento elétrico dos vidros e ar condicionado que era necessário, útil para um carro V12 com motor logo após os bancos dianteiros.

Em testes num circuito em 1970 chegou a 288 km/h, fez de 0 a 100 km/h em 5,6 segundos e cobriu os 1.000 metros em apenas 23,2 segundos! Contava com freios a disco ventilados.

O Lamborghini Miura 1969 sendo premiado em Araxá, Minas Gerais, em 2016.

Premiado em 2017 na Autoclásica na Argentina

O motor V12 central em posição traseira

E na frente do supercarro abrigava bateria e pneu estepe. A suspensão tinha quatro rodas independentes, por triângulos superpostos , molas helicoidais, amortecedores telescópicos e barras estabilizadoras

Foram construídos 140 exemplares do Miura P400 S entre novembro de 1968 e dezembro de 1971. Neste ano entrava em cena a versão SV que faria companhia a versão S. Uma das diferenças era a cavalaria que subia para 385 cavalos a 7.850 giros. Graças a novos coletores de escapamento e admissão. Também novos pneus: FR 205/60 VR 15 para assegurar a velocidade máxima anunciada de 290 km/h . E nesta época tanto o motor do S quanto do SV (Sprint Veloce) tinham cárter separados para motor e cambio. Foram produzidas 141 exemplares e mais seis especiais mais potentes com cárter seco.

Bob Wallace conseguir a permissão do patrão para fazer uma versão de competição que atendia ao anexo J da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) Era a versão Jota que tinha 420 cavalos e estava pronta para competir com o Ford GT 40 (saiba mais)  e com o Lola T70 (conheça) . O bólido passava fácil os 300 km/h, mas não chegou a entrar em competição depois de vários teste em 1970 e 1971. Pesava 200 quilos a menos graças a materiais mais leves na carroceria! Sua traseira estava um pouco mais longa em 12 centímetro e a frente com a grade maior.

Abaixo um Lamborghini Miura SVJ que foi reconstruído em 1973 para o piloto alemão Hubert Hahne, que na época era importador da Lamborghini na Alemanha.

Sua cor anterior era preta, mas foi repintado na cor prata, com um interior com bancos em couro na cor preta. O veículo permaneceu na Alemanha até o início dos anos 2000, quando se tornou parte de uma coleção japonesa. Desde sua venda nunca foi exibido em público, mas foi exposto em 2020 no Salão Rétromobile em Versalhes, França. Na frente perdia os "cílios" e tinha faróis carenados

Por dentro tinha bancos esportivos e ótima posição de dirigir.

No posto de pilotagem com velocímetro e conta-giros bem a frente do felizardo

Segurança/apoio para o passageiro

E a identificação do exemplar único

A versão "S" apresentada em Chantilly é uma evolução que beneficiava de um motor com aumento de potência de 370 cavalos.

Em 2016 foi comemorado o cinquentenário do Miura com a exposição de vários modelos no encontro francês Chantilly Arts & Elegance Richard Mille.

Outro premiado: Um Lamborghini Miura P400 S (1969), châssis 4127 no Chantilly Arts & Elegance Richard Mille, França, em 2019

De perto

Um dos mais belos carros do mundo! Sua produção terminou em dezembro de 1972

E o sucessor Lamborghini Countach

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Em escala

Um dos primeiros fabricantes a produzir a miniatura do Miura foi a Matchbox inglesa. Já constava do catálogo de 1966. Com 71 mm de comprimento, vinha na cor dourada, as portas se abriam e as rodas eram do tipo "Superfast". A mesma o fez na categoria King Size, 1/43 e media aproximadamente 100 milímetros. Na cor vermelha, as rodas esterçavam e o capô se abria mostrando o motor. Ambos bem feitos e corretos.

A Playart de Hong Kong também fez uma na cor azul na escala 1/60. Nada abria mas o acabamento era bom.

No Brasil, vendido em bancas de revista, foi lançada em 2000 a Dell Prado Collection. Um exemplar do Miura chegou nos quiosques na cor amarela, na escala 1/43. Também muito bem feita.

A melhor, e também mais cara, foi fabricada pela Anson chinesa (acima) . Na escala 1/18 é uma miniatura super detalhada. Vendida na cor amarela as rodas e o volante esterçam. As portas se abrem, no capô dianteiro fica o estepe com o pneu da marca Pirelli e no traseiro nota-se o motor cromado de 12 cilindros bem detalhado. Com destaque para os cabos de vela vermelhos e para as cornetas de aspiração. Por dentro os bancos são marrom e preto, a pedaleira prateada, a alavanca de cambio com a bela grelha, a alavanca de freio de mão e o volante de três raios completam o refinamento. Impecável.

Texto  e montagem Francis Castaings. Fotos de divulgação dos eventos Peter Auto e Salão Rétromobile, 4Legend.com publicadas neste site                                                            

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