A Bela e Charmosa Aurelia
Desde a sua fundação, em 1907, a fábrica de automóveis italiana Lancia sempre produziu modelos originais que sempre traziam alguma novidade. E logicamente beleza em carroceria, charme e bons motores.
Na década de 20 o destaque ficou por conta do modelo Lambda. Uma obra prima que Vincenzo Lancia se orgulhava muito de fabricar na cidade de Torino, na Itália. Após a segunda guerra mundial, já sob a batuta do herdeiro Gianni, um novo projeto estava em curso.
Em 1950, no salão de Torino, Itália era lançado o Lancia Aurélia B 10.
Tratava-se de um sedã quatro portas com linhas bem curvas. A traseira tinha um leve fastback e as portas de trás tinham abertura suicida. Não era um modelo de linhas muito atraentes. Mas tinha um estilo diferente que cativava. O para-brisas não tinham divisão e os vidros dianteiros não tinha quebra ventos. Já antecipava uma tendência
Seu motor dianteiro, refrigerado a água, era um seis cilindros em V. Seria o primeiro motor nesta configuração produzido em larga escala. Mais um pioneirismo da empresa. Este grupo propulsor, em liga leve, num ângulo de 60º, tinha 1.754 cm³ e potência de 56 a 4.000 rpm. Sua velocidade máxima era de 135 km/h. Foi projetado por Francesco De Virgilio e contou também com a astúcia de Vittorio Jano que desenhou, e colocou num conjunto só, embreagem, caixa e diferencial para o motor em V.Esta solução brilhante foi copiada depois por Ferrari, Porsche e outros também famosos.
Em 1951 nascia outro belo modelo da linha Aurélia. Era o cupê B20. Tinha carroceria monobloco, e era mais moderna que o sedã de quatro portas lançado um ano antes. Seu motor, mais potente, contava com 1.991 cm³, 80 cavalos de potência a 5.000 rpm. Visto de qualquer ângulo, era um carro bonito. Na frente a nova grade com formato de coração tinha um friso central separando. Para auxiliar na refrigeração ainda havia duas grades laterais em formato retangular. O grupo óptico contava com quatro faróis circulares sendo que os principais tinham diâmetro maior.
Fez sucesso nas pistas da Europa. Nos ralis de Monte Carlo como em sua categoria nas 24 horas de Le Mans, Mille Miglia, Targa Florio e Monza, ganhou chegando a frente de concorrentes bem mais potentes. Preparado para corridas, chegava a atingir vê,locidades superiores a 190 km/h.
E também nas mãos de personalidades do Jet Set, fez muito sucesso na frente de mansões, palácios e restaurantes de renome. Famosos como o ator norte americano Gary Cooper e o Príncipe Ranier de Mônaco, conhecido amante de belas máquinas, foram proprietários. Este modelo aliava luxo e esportividade. Em 1954 o sedã ficava mais forte com 2.266 cm³ e 87 cavalos a 4.800 rpm.
Um ano depois, no Salão de Bruxelas, na Bélgica, a grande novidade da linha Aurelia. Era apresentado o modelo Spider B24 S. Foi produzido nas linhas de montagem da Pinin Farina, mas o desenho, baseado no cupê, era obra de Martiengo. Foi apresentado como sendo um “carro de Sonho”. E era muito bonito o esportivo. O modelo Spider América, como era chamado, tinha cilindrada de 2.451 cm³ e potência de 118 cavalos a 5.300 rpm. Sua velocidade máxima era de 180 km/h e fazia de 0 a 100 km/h em 11 segundos.
Em um ano só foram produzidas 240 unidades. Seu para-brisas era panorâmico, não tinha maçanetas nas portas e os vidros laterais eram removíveis. Um autêntico esportivo. Tinha suas limitações, pois não tinha capota fixa nem como opcional. Sobre o capô, com desenho em V, havia uma pequena entrada de ar. Apesar de ter dimensões limitadas, o acesso para o motor não era tão ruim. Atrás tinha lanternas muito pequenas para-choques divididos e saída dupla de canos de descargas nada humildes.
Baseado neste modelo, em 1956 era lançado a versão civil do Spider América. Tinha a denominação de B 24. O conversível de duas portas tinha 4,29 metros de comprimento e pesava 1.160 quilos. Neste tinha maçanetas, vidros convencionais e opção de capota hard-top.
Continuava com o bom V6 com bloco e cabeçote em liga de alumínio mas com potência de 112 cavalos. Era alimentado por um carburador de duplo corpo da marca Webber. As válvulas eram no cabeçote e acionadas por balancins. O torque máximo era de 17,5 mkg a 3.500 mkg. Sua velocidade máxima era de 175 km/h. Um de seus rivais era o inglês XK 140 da Jaguar.
Por dentro era confortável para dois adultos. O mais interessante é que, atrás dos bancos individuais reclináveis, havia um bom espaço para pequenas bagagens. E o porta malas era de bom tamanho para um esportivo.
O volante de boa pega tinha três raios de alumínio e aro de madeira. No painel de metal, dois mostradores, velocímetro e conta-giros, eram de bom tamanho. Vários botões ajudavam no controle de outras funções. Tudo muito bem acabado e elegante como era tradição da empresa.
A alavanca de marchas, no assoalho, tinha bom posicionamento. Tinha quatro velocidades sendo que a primeira não era sincronizada. A tração, como em todos os modelos, era traseira.
A suspensão dianteira era independente com molas helicoidais concêntricas. As de trás tinham eixo De Dion e molas semi-elipticas. Os pneus eram na medida 165 x 400 em belas rodas raiadas e lhe davam muito boa estabilidade. Os freios a tambor davam conta de parar o esportivo.
A produção da linha Aurélia terminou em 1958. Vários construtores de carrocerias independentes usavam seu chassi para “experiências” .
Ao todo, desde de 1950, foram produzidas 18.197 unidades sendo que apenas 761 modelos conversíveis incluídos aí só 240 modelos América. Tanto um quanto outro são muito raros hoje. E desejados.
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A Miniatura
Trata-se de uma miniatura da Bburago que constou no catálogo por anos. Motor bem detalhado.
Porta malas idem. Os bancos reclinam.
Chassi também.
Na escala 1/18. E a cor é a mesma da linha real de série da época. Tem abertura o porta-malas, o capô, as portas, o volante gira junto com as belas rodas raiadas.
Texto, fotos e montagem Francis Castaings
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