Compacto, mas atrevido
Uma das mais importantes fábricas de carros esportes da Itália foi fundada em Modena, na Itália pelos irmãos Alfieri, Bindo, Carlo, Ettore, Ernesto e Mario Maserati em 1914. O primeiro carro a ser construído foi um modelo que iria enfrentar as pistas. Foi disputar a famosa Targa Florio como um bólido de oito cilindros em linha e 1.500 cm³. A partir de 1947, após a guerra, se dedicou a carros de corrida e no final da década de 50 começou a produzir automóveis Grã-turismo. E deixou sinais de prestigio nas páginas da imprensa mundial sempre se destacando por belos modelos. Adotou o símbolo do tridente do Deus Netuno para identificar melhor sua marca.
Em 1957, Juan Manoel Fangio ganhava seu quinto título mundial pilotando uma Maserati que tinha motor de seis cilindros em linha, 2.500 cm³ e 290 cavalos. E a fábrica também levou o título de construtores por ter vencido quatro provas e sua vitória em terras mexicanas foi muito honrosa. E neste ano era lançado o 3500 GT, um belo carro esporte bem no estilo italiano. No final dos anos 60 a empresa italiana estava em crise e foi comprada pela Citroën francesa. Esta visava um motor V6 que iria futuramente equipar o modelo esportivo SM. Em meados dos anos 70, a crise de petróleo pegou vários construtores de surpresa e o modelo cupê da Citroën deixou de ser produzido e a Maserati, também em dificuldades, foi comprada pelo argentino Alejandro De Tomaso. Este homem de negócios e amante do automobilismo foi o criador do famoso ítalo americano De Tomaso Pantera com motor Ford V8, um super carro.
Na década de 70 a empresa do Tridente produzia o Merak lançado em outubro de 1972, o Kyalami em 1976, o Khamsin também de 1972 e o Quattroporte de novembro de 1976. Eram modelos tentadores, bonitos, mas já apresentavam sinais de envelhecimento. Precisavam de um modelo moderno e que fosse menos aristocrático que os demais. O Objetivo era competir com o BMW série 3 E21, o Mercedes-Benz SL e o Jaguar XJS.
Em janeiro de 1982 era apresentado o Maserati Biturbo, um sedã de duas portas, linhas retas e equilibradas e bastante modernas. Na frente quatro faróis quadrados e ao centro grade com extremidades cromadas, fundo preto, que lembrava o modelo México da década de 60 com o símbolo Tridente ao centro. O capô tinha leve inclinação com dois vincos e a ótima visibilidade graças a vidros de bom tamanho. A carroceria monobloco era concebida em aço estampado. Media 4,15 metros de comprimento, 1,70 de largura, 1,14 de altura e 2,55 de entre – eixos. Pesava apenas 1.090 quilos.
Debaixo do capô havia um motor, dianteiro, arrefecido à água, com seis cilindros em “V” à 90º com três válvulas por cilindro e tinha duplo comando. A fundição do cabeçote e do bloco motor era em liga de alumínio. As camisas úmidas eram revestidas com Nikasil. Trata-se de um tratamento de superfície de cilindros para motores desenvolvidos pela Mahle alemã e pela Porsche. É uma liga de níquel e carbureto de silício, que tem um baixo coeficiente de fricção, ótimas características termodinâmicas, proporcionando uma expansão uniforme do cilindro e do pistão otimizando os rendimentos térmicos e mecânicos do motor.
O virabrequim tinha quatro mancais. Era alimentado por um carburador de corpo duplo da marca Weber e dois turbo compressores da marca IHI com pressão de 0,5 bar. Tinha 1.996 cm³ (82 x 63 mm) e potência de 180 cavalos a 6.000 rpm. A caixa de marchas marca ZF tinha cinco velocidades e sua tração era traseira. Chegava fácil aos 215 km/h e o a 100 km/h em 8 segundos. A suspensão era independente nas quatro rodas, com triângulos oblíquos, molas helicoidais e amortecedores telescópicos. Como opcional havia uma barra estabilizadora transversal. Não era um carro para principiantes, era difícil domá-lo, agressivo por vezes e brutal. Como todo carro desta época, e como os atuais, era sempre bom sair com ele devagar até chegar a uma temperatura correta para acelerar e desfrutar de toda sua potência. Seus pneus eram na medida 195 HR aro 14 na frente e 205/60 HR atrás. Tinha quatro freios a disco. No seco era menos arisco, mas quando o piso estava molhado, o condutor, mesmo experiente, tinha que redobrar a atenção. No primeiro ano de produção vendeu apenas 500 exemplares. No segundo veio o sucesso esperado. Quadruplicou!
Em 1983 chegava o Biturbo S com mais potência. O novo motor tinha 205 cavalos e chegava a 220 km/h. No capô havia entradas de ar tipo “Naca”, com um desenho triangular. Mais fôlego para o compacto. Também o modelo com quatro portas, mais longo com 4,46 metros e desenho equilibrado. O motor V6 estava com 2.491 cm³ e 200 cavalos.
Por dentro era muito refinado. Os bancos e revestimentos podiam ter acabamento em couro e Alcântara que é um tecido especial, suave e elegante confeccionado em poliéster e poliuretano não fibroso. O grande painel abrigava muita instrumentação de qualidade, muita madeira de ótima qualidade e ao centro, acima do console, um belo relógio oval analógico estilo retrô. Era muito aconchegante. Luxo e bom gosto italiano!
Em 1984 era apresentado o modelo Spyder que era produzido pela Zagato, famoso fabricante de carrocerias especiais italiano, que tinha a Alfa Romeo e a Aston Martin também como clientes de muito tempo. O comprador do conversível podia optar entre o motor 2,0 e 2,5 litros. Era também muito atraente e mais uma opção de carroceria. Para o cupê fechado chegava o motor com 2.790 cm³, 255 cavalos, com quatro válvulas por cilindro e dois turbos. Chegava a 240 km/h com muita garra. A empresa atingia 6.500 Biturbo vendidos. Um recorde histórico!
Em 1989 era a vez do cupê Karif entrar em cena. Tinha desenho baseado no cupê, também com assinatura Zagato, mas para-lamas mais largos, assim como spoiler dianteiro mais trabalhado, com dois faróis auxiliares de cada lado na grade inserida nos para-choques e aerofólio traseiro. A coluna ”B” recebia pintura preta e o carro tinha aparência muito agressiva. Por baixo do capô estava o novo V8 com 3,2 litros, quatro comando de válvulas e 325 cavalos. Todos eles continuavam a ser alimentados por dois turbos.
Muito bom desempenho para um cupê esporte. Entre 1989 e 1996 foram produzidos apenas 370 exemplares o que o torna muito raro e caro hoje.
No mesmo ano do Karif, também desenhado por Gandini, o esportivo Shamal era lançado em dezembro. Shamal é o nome de um vento noroeste no golfo pérsico que vai até o Iraque. Provoca violentas tempestades também na Jordânia e na Síria. Um nome muito adequado. Tinha um oito cilindros em "V", também á 90º com 3.217 cm³, 326 cavalos à 6.000 rpm e torque de 45,6 mkgf. Este míssil fazia de 0 a 100 km/h em 5,3 segundos, os primeiros 1.000 metros eram cobertos em 25,6 segundos e chegava a final de 270 km/h. Era equipado com intercooler para melhorar a refrigeração para a alta potência. Estava na categoria de Super Carros e hoje sua cotação pode chegar a 40.000 Euros.
Em 1992 o nome Ghibli, usado nos anos 60 num super esportivo que rivalizava com Ferrari e Lamborghini, voltava sobre a carroceria do Biturbo mais trabalhada, mas menos agressiva e mais discreta que o Shamal. O V6 Biturbo tinha 2.996 cm³ e 330 cavalos a 5.500 rpm. A caixa de marchas marca ZF passava a ter seis velocidades. Fazia de 0 a 100 km/h em 5,3 segundos e chegava a 270 km/h e os 1.000 metros abatidos em 24,9 segundos. Um bala de luxo. Para o mercado americano e outros mais rígidos no que se refere à poluição, a potência descia a 285 cavalos. Como opção podia ter caixa automática ZF com três velocidades e diferencial autoblocante Sensitork.
Em 1993 encerrava-se a produção de um dos melhores carros da Maserati já produzidos cujo motor era o destaque, mas as linhas também. E seu acabamento, que não era exemplar, aos poucos foi melhorando muito tornando-o um carro de ótima qualidade. Já concorria em preço com o Audi 200 Turbo.
Em 1994, baseado na plataforma do Biturbo a Maserati lançava o Quattroporte que tinha uma bela carroceria, muito arrojada, linhas muito aerodinâmicas, ótima visibilidade e era obra também de Marcello Gandini. Podia abrigar o motor V6 com 2,0 litros e potência de 287 cavalos, o 2,8 litros com 284 cavalos e outro com a mesma cilindrada atingia os 300 cavalos à 6.500 rpm. Fazia de 0 a 100 km/h em 5,9 segundos, os 1.000 metros em 25,9 segundos e sua máxima era de 260 km/h. Havia ainda o V8 com 3.217 cm³ de cilindrada, injeção multiponto, 41 quilos de torque e 335 cavalos à 6.400 rpm. Chegava à 270 km/h. Tinha discos ventilados nas quatro rodas e caixa marca Getrag com seis velocidades. Nada mal para um sedã. Em 1998 a Ferrari assumia o controle da Maserati. O modelo Biturbo foi produzido até 2001.
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O 3500 GT citado no princípio desta
O Ghibli no Encontro do Instituto Veteran Car Club de Minas Gerais
O Mistral em Araxá
O Khamsin
O Bora
O Biturbo lá fora
Acima um Spyder e abaixo um Karif. Ambos na Autoclásica.
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Nota: Marcello Gandini desenhou Lamborghini Miura e o Countach, o Cizeta Moroder, o Audi 50 (veio antes e era idêntico ao VW Polo), o Citroën BX, o Sratos Zero que viria a inspirar o Lancia Stratos só para citar alguns.
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Nas Telas
No filme de 1989, Licence to Kill (007 - Permissão para Matar) Timothy Dalton fez seu segundo e último papel como James Bond. Existem várias versões que relatam o motivo que ele deixou a série. Foi aprovado por muitos fãs. Neste tem a companhia das belas Carey Lowell e Talisa Soto. O Maserati pertence á Robert Davi que faz o papel do vilão Franz Sanchez e tem como acecla Benicio Del Toro. A ótima trilha sonora (Licence to Kill, If You Asked Me To de Patti LaBelle, etc. ), a fotografia (Casa de Ernest Hemingway em Key West), os carros, as mulheres são bons motivos para ver este ótimo filme em DVD. Neste 007 pede demissão do serviço secreto britânico por insistir na investigação do atentado ao seu amigo da CIA, Felix Leiter(o ator David Hedison que fez o seriado Aventura Submarina na década de 60) e sua esposa(a bela atriz Priscila Barnes que faz papel de Della Leiter). James Bond tem obseção, quer vingar e vai atrás do líder de um super poderoso cartel de drogas que mandou matar o casal. Foi um sucesso de crítica.
O Maserati Biturbo aparece quando Franz vai ao “Templo, em Istmo, na Colômbia, com seus assessores e visitantes orientais para conhecer o laboratório de refino de cocaína. Lá James é desmascarado e a confusão e destruição começam. Também, na escapada do local em chamas, incêndio provocado por 007, começa à debandada de três caminhões Kenworth, um Jeep CJ, uma picape Dodge RAM e o belo Maserati prata. Felizmente sai ileso após muitos tiros, batidas, acidentes, mais fogo e muito mais.
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Em Escala
Vendida em bancas de revistas na época, vem na base muito realista com a cena do filme e com caixa acrílica. Na escalas 1/43 o modelo 425. O porta-malas vem aberto de propósito.
Abaixo, na cor preta, um modelo 1982 da Ixo. Muito bom também.
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Texto, fotos de encontros e exposições e montagem Francis Castaings. Na matéria do Biturbo, fotos de divulgação.
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