A Mitologia Porsche

O Porsche 356 deu início ao que se tornaria uma lenda na história do automóvel

Em 1947, na cidade de Gmund, na Áustria, nascia o mito automobilístico chamado Porsche.

Sem muitos recursos, Ferdinand Porsche e seu filho Ferry (Ferdinand Anton-Ernst Porsche) desenvolviam o primeiro sucesso da marca. Ferdinand foi o criador do Lohner-Porsche elétrico, do Cisitalia tipo 360 e do KFD (Kraft Durch Freude, ou seja, Força pela Alegria) que se tornaria famoso mundialmente: o Volkswagen Sedã Typ 1! Ele também assinou motores de aviões, tratores, tanques, trens, o kubelwagen( Utilitário de usado na Segunda Grande Guerra) e também o carro anfíbio Schwimmwagen. O Volkswagen Sedã foi e é chamado aqui de Fusca, foi chamado e ainda é Käfer (Besouro) na Alemanha, de Carocha em Portugal, Escarabajo na Argentina, Cox ou Coccinelle na França, Magiolino na Itália e Beetle nos países de língua inglesa.














Aproveitando o motor de 1.131 cm³ do Volkswagen, com quatro cilindros opostos arrefecidos a ar (que iria se tornar o famoso boxer, com cilindros opostos) e mais tarde, com seis cilindros, o (flat-six – Seis cilindros opostos), velhas peças de suspensão com barras de torção, caixas de câmbio e outras, nascia o projeto 356. Era um modelo esporte, duas portas, para duas pessoas.

                

Estava sendo escrito o primeiro capítulo de uma história de sucesso, performance e pureza. No mesmo ano, em junho, o primeiro modelo era vendido por uma concessionária da Suíça. O primeiro pedido foram de 50 unidades após o primeiro protótipo rodar em 1948 e ser apresentado em Berna, Suiça. No Salão de Genebra em 1949 era apresentado o primeiro Porsche 356 cupê Gmünd e um cabriolet feito em aço pela empresa Beutler. Os primeiros Gmünd, por volta de 65 foram fabricados na pequena oficina. Era um pequeno galpão que não tinha mais que 60 metros de comprimento! Apesar do Senhor Porsche afirmar que seria uma produção artesanal, os primeiros 500 foram pedidos e fabricados na Alemanha em Stuttgart-Zuffenhausen numa fábrica da Reutter que tinha 2.000 m². Abaixo um dos primeiros cupês 356-2 Gmünd de 1948.

Esta não parou de fazer mais pedidos e foi responsável pela arrancada nas vendas. O motor original tinha 25 Cavalos, mas com um carburador a mais e o aumento da taxa de compressão para 7:1, era trabalhado para obter 40 Cavalos. Nova mesmo era a carroceria de chapas de alumínio batida, sobre um chassi tubular, aberta, um spider, pois aumentariam muito os custos se fosse fechada. Os para-choques dianteiro e traseiro eram presos/ligados ao chassi. Palpites não faltaram: Parecia até que alguém a tinha feito com um abridor de latas! Redesenhada por Erwin Kommenda, ficou quase inalterada por 17 anos.

Leve, pesando 596 quilos, sua velocidade final chegava aos 141 km/h. A aceleração para a época era muito emocionante. Seu coeficiente aerodinâmico, Cx, seria medido só 20 anos depois -- e era exatamente o que seu criador estimara, 0,40. Não faria feio 30 ou 35 anos mais tarde. Pouco tempo depois era apresentado o modelo cupê, ainda em alumínio e com as mesmas linhas agressivas. Acima um modelo com carroceria em alumínio.

A produção deixava aos poucos de ser artesanal e as encomendas aumentavam. Em 1948 Ferry fazia um acordo com a Volkswagen: não faria um modelo concorrente e em troca, a empresa de  Wolfsburg forneceria peças. Assim aproveitariam a rede de distribuição da marca. Nesse ano os Porsches mudavam-se para Feurbach, próximo a Stuttgart, na Alemanha. A produção em 1949 passava para 10 unidades por dia. A empresa Reutter fornecia as carrocerias. Abaixo um modelo a partir de 1953 com para-choques, maiores, os protetores eram opcionais, as luzes de pisca não tão pronunciadas junto com a pequena grade de aeração. O sucesso comercial já havia decolado de um carro esporte com uma tecnologia de vanguarda!

Até março de 1950 foram produzidos 500 carros. Em setembro de 1951, chegou a 1.000 unidades. Eram fornecidos com motores 1,1 e 1,3-litro. Os Porsches eram vendidos em vários países, tais como Suécia, França e Estados Unidos, onde custavam menos de US$ 3.000. Eram exportados até para o Egito. Em 1950 começavam a entrar em competições. Ganharam na classe 1.100 o Rali do Sol da Meia-Noite (Suécia) e o Rali Internacional dos Alpes Austríacos. Mas entrou em cena o austríaco Max Hoffman, também responsável pelo sucesso do Mercedes-Benz SL (saiba mais). O senhor Ferdinand Porsche queria vender cinco exemplares por ano nos Estados Unidos, mas Max lhe informou que seriam cinco por semana! Hoffman pediu a construção do Roadster América que vendeu rapidamente 16 exemplares e depois do Speedster que era uma versão mais simples do cabriolet Reutter. Vendeu 4.850 exemplares. No total mais de 5.000 modelos no início de 1954 e dois anos depois mais de 10.000! Max Hofman também sugeriu a BMW o modelo 507. A parti de 1950 a carroceria era em aço produzida pela Reutter.                    

Potência subiu de 40 para 70 cavalos em três anos, mas as linhas se mantiveram intocadas do entre 1948 e 1957. Em janeiro de 1951 Ferdinand morria e Ferry passava a ser único responsável pela empresa. A cilindrada ia aumentando e a emoção também. Em 1952 eram lançados o 1.500 (55 cavalos, 160 km/h) e o 1.500 Super (70 Cavalos, 175 km/h). Recebiam novos freios a tambor e o câmbio sincronizado. Nesse ano a fábrica mudava-se para Stuttgart-Zuffenhausen. A versão S90 desenvolvia 90 Cavalos , daí o nome,  e chegou a ser reproduzida no Brasil pela empresa Envemo com competência.

O motor 1.500, que desenvolvia 110 cavalos a 7.800 rpm, passava em 1960 a desenvolver 135 cavalos a 8.000 rpm (modelo competição), suficientes para atingir ótimos 215 km/h. Entre 1954 e 1960 ele venceu quase todas as provas de subida de montanha na Europa.

Em outras corridas alcançou vitórias sobre carros com cilindrada maior, como em Targa Florio (Sicília)  , onde ganhou onze vezes. Ganhou várias vezes também a corrida de estrada Carrera Panamericana realizadas nas estradas do México.Começavam em Tuxtla Gutiérrez, Chiapas no sul do país finalizando na cidade de Juárez, Chihuahua no México perto de El Paso, já na América, no estado do Texas. O sobrenome Carrera entrava para linha 356, depois no 911 e depois Panamera para o modelo quatro portas do 911. Por isso uma das versões mais potentes foi denominada GS Carrera, com um motor  1.998 cm³ e 130 cavalos.

Por dentro do Roadster.

Abaixo um modelo Speedster (carroceria Drauz) que fazia parte da família 356 B junto com o cupê, hard top (soldado sobre o conversível, carroceria Karmann e cabriolet.

Visto de traseira ainda tinha só uma entrada de ar na traseira tanto nesta quanto na versão cupê. A dupla entrada de ar faria parte do capô traseiro na versão C de 1963. A versão Speedster, com seu meio para-brisas, é a mais cotada hoje.

De 1959 a 1963 foi fabricado o 356 B, com carroceria em aço estampado e motor de 1,6 litro com 90 cavalos a 5.500 rpm (Super 90). Em 1961 a capacidade de produção era de 32 esportivos por dia. E o controle de qualidade era rigoroso! Em 1962 os testes do 356 B eram realizados numa pista de Weissach.

Desde 1953 já atendia as normas americanas e a carroceria T-6, era apresentada em 1961 entrava em produção com seu capô dianteiro que estava mais anguloso. Em 1952 tinha o motor 1.488 cm³ e 60 cavalos. A versão Roadster América tinha carroceria fabricada pela empresa Gläser.

O para-brisa estava maior e não era mais bi-partido. Tinha luzes de pisca mais pronunciadas ao lado da pequena entrada de ar, bancos traseiros e volante com dois raios. O motor 1500 tinha a versão Dame com 55 cavalos e a S com 70 cavalos. Sua caixa de quatro marchas era toda sincronizada.  O motor SC do cupê 356 C de 1964 tinha 1.582 cm³, 95 cavalos à 5.800 rpm, 12, 8 mkg de torque à 4.200 rpm, válvulas no cabeçote e comando central. Era alimentado por dois carburadores Solex 40, arrefecido por ar forçado e circuito elétrico de 6 volts. Tinha tração traseira e quatro marchas. Sua direção não tinha assistência e seus quatro freios eram a disco. Usava pneus 5.6 x 15 polegadas em rodas de aço com calotas. Até 1955 usava aros 15.

Sua suspensão dianteira tinha rodas independentes, barras de torção, barra estabilizadora e amortecedores telescópicos. Atrás semi-eixos oscilantes, barra estabilizadora e também amortecedores telescópicos hidráulicos. Tinha carroceria apoiada em um chassi em chapa que era soldado no monobloco. Tinha 4,01 metros de comprimento, altura 1,31, largura 1,67 e entre-eixos de 2,10 metros. Pesava 935 quilos. Sua velocidade máxima era de 185 km/h.

Por dentro do 356 C. Da esquerda para a direita marcador de nível de combustível e temperatura. No meio conta-giros graduado até 6.000 rpm com a faixa vermelha começando aos 5.000 giros e velocímetro graduado a 200 km/h.

Acelerava de 0 a 100 km/h em 10 segundos e atingia a máxima de 177 km/h.

Nela o motor tinha duplo comando de válvulas e o famoso virabrequim Hirth, a potência chegava aos 110 cavalos e podia-se atingir 200 km/h. Os freios a tambor hidráulicos deram lugar a freios a disco nas quatro rodas no final de 1963.

Em março de 1965, o ultimo 356 deixava as linhas de montagem: Era um modelo cabriolet C. Um ano antes havia batido seu recorde anual de vendas alcançando 10.312 exemplares. Após 17 anos de produção o 356 vendeu cerca de 77.000 unidades.

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O 912

O Porsche 912 era um modelo mais simples que o 911 e com o motor do 356. Foi idealizado para atender aos órfãos  do 356, mas não fez o sucesso esperado. Hoje é raro e atraí muitos colecionadores.

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A Réplica

No Brasil foi fabricada uma réplica montada sobre plataforma VW, em plástico reforçado com  fibra de vidro, o Envemo Super 90. Era muito fiel ao projeto original. A produção do 356 foi encerrada em 1965, dando lugar ao Porsche 911 e 912.

Réplica do Porsche 356 este Super 90. Era equipado com motor Volkswagen arrefecido ar.

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Outro Super 90. A versão S90, desenvolvia 90 Cavalos,  e chegou a ser reproduzida no Brasil pela Envemo (Engenharia de Veículos e Motores)















Uma réplica argentina feita pela FiberClassic

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Nas Pistas                                      

Vencedor em sua categoria na famosa Mille Miglia ( Corrida entre estradas comuns na Itália durante 24 edições, entre 1927 e 1957) , o 356 deixava-os entusiasmados. Desenvolveram um novo motor boxer mais potente, com duplo comando de válvulas no cabeçote, colocado numa versão batizada de RS Spider.

Os veículos de competição passavam a ter a denominação Spider e os de série Cabriolet.

No mesmo ano o 356 obtinha sua primeira vitória na classe 1.100 (a potência foi reduzida para 1.086 cm³)  nas 24 Horas de Le Mans (20° lugar na classificação geral) nas mãos da dupla francesa Veuillete e Mouche ( 2.840 quilômetros com média de 118 km/h). Após esta prova a Porsche conseguiu 105 vitórias em diversas categorias no circuito francês. Os outros dois modelos inscritos na famosa prova não conseguiu terminar, pois se acidentaram.

É frequente nas corridas de veículos históricos de competição  como pode-se ver nestas fotos.

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A foto oficial das 24 horas de Le Mans que pertence ao Automóvel Clube do Oeste (ACO)

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O 550 Spider

Variação do 356, chegou em 1º na categoria de carros esporte até 1.500 cm³ na Mille Miglia de 1954, nas mãos de Hans Hermann e Hubert Linge. Tinha chassis com estrutura tubular, carroceria em liga leve (não recebiam pintura), motor quatro cilindros boxer, cilindrada de 1.498 cm³, potência de 110 cavalos a 7.000 rpm e velocidade final de 225 km/h.

O modelo que venceu a Mille Miglia pertence hoje à coleção do Museu Porsche em Stuttgart.

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Nas telas

Podemos vê-lo no filme Top Gun com Tom Cruise e Kelly Magilles. Um bonito 356 verde-escuro, versão Speedster.

Também no ótimo filme Bullit de 1968. O Porsche 356 é dirigido pela bela Jacqueline Bisset numa auto estrada após a famosa perseguição nas ladeiras e depois em estradas de São Francisco (Estados Unidos) com os veículos saltando em alta velocidade. Um Dodge Charger R/T 440 preto, pilotado por um malfeitor e o Ford Mustang GT 390 verde do Tenente Frank Bullit.

E James Dean? Em março de 1955 comprou seu Porsche 356 1.500 Super Speedster conversível, e em setembro de 1955 Jimmy comprou um 550 Spider prata (foto), com o número 130 pintado no capô e na traseira seu apelido "Little Bastard".

Adorava seu Porsche, competiu com ele várias vezes. Numa oportunidade chegou em 4º. lugar... porque fundiu um dos pistões. Pena que tenha encontrado a morte em um deles.

A eterna Janis Joplin e seu Porsche 356.

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No Salão Rétromobile

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Em Escala

Acima um 356 A Bburago 1/18 muito bom! Abaixo dois Bburago ma escala 1/24 356 B. Na escala 1/64 dois recentes de 2017 da Hot Wheels escala 1/64 dentro das embalagens. O cupê prata 356 A é da Maisto assim como o 550 (1/43). Dentro da caixa um amarelo 356 B na escala 1/72 da Cararama.

Texto, fotos e montagem Francis Castaings  - Fotos sem a marca Retroauto pertencem ao Salão Rétromobile, às Organizações Peter Auto e demais fotos de publicação                             

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