A esportividade Madura

Em 1971 a Renault francesa, situada em Billancourt, era o terceiro produtor automobilístico da Europa. E queria mais mercado. Sua linha era composta do R4 destinado a classe popular e a quem desejasse um comercial leve. O pequeno R5 recém-lançado tinha ótima aceitação de público e crítica. O R12 vendia muito bem e competia entre os médios pequenos. O R16, seu carro topo de linha já apresentava sinais da idade. Mas ainda faltava um modelo com características esportivas e familiares.

O projeto 117 começou em 1966. Os primeiros rabiscos nasceram das mãos do engenheiro estilista Gaston Juchet que esboçava um conversível com características esportivas que tinha o cognome de RAG (Renault-Alpine-Gordini). Não avançou muito e depois tentou-se, a partir do R16, desenhar um conversível que também não passou de um protótipo. A receita seguida foi baseada no sucesso do Ford Capri anglo-alemão. Características esportivas, desenho simples e bonito com mecânica convencional já usada em outros produtos da empresa.

Assim, no Salão de Paris, em outubro de 1971, era lançada e linha Renault 15 e 17 que foi a grande atração do estande da empresa. Ambos tinham a mesma base com carrocerias semelhantes. O 15, mais simples, tinha dois volumes, três portas, fastback, ótima área envidraçada, media 4,26 metros e pesava 970 quilos. Detalhe dianteiro interessante e original era o para-choques cromado que contornava toda a área frontal sendo que na parte inferior havia apenas borrachões quadrados. Dentro desta peça havia dois faróis retangulares, modismo de época, e uma bela grade simples cromada.

A motorização básica era compartilhada com o sedã R12. Tratava-se de um 4 cilindros em linha, tração dianteira, 1.289 cm³ e 60 cavalos a 5.500 rpm. O cambio podia receber quatro marchas manuais ou automático. Chegava a 155 km/h de velocidade final. O modelo 15 TS já recebia um motor mais atraente, o mesmo que equipava o Renault 12 Gordini com algumas modificações. Tinha 1.565 cc, 90 cavalos a 5.500 rpm e chegava a 170 km/h. Ambos tinham freios a disco dianteiros e o TS vinha com pneus 155 SR 13. Sua semelhança com o VW Passat de 2 portas, principalmente se visto de frente era grande.

O modelo 17 diferenciava-se na dianteira pelo grupo óptico formado por quatro faróis de iodo redondos e a grade pintada em preto fosco. No capô, a esquerda, havia um pequeno ressalto que trazia um certo ar mais agressivo.

Ao invés do grande vidro lateral traseiro tinha uma grade triangular, na parte extrema, uma “veneziana plástica” e a frente deste um pequeno vidro no formato de um triângulo retângulo invertido. Ainda, rodas esportivas em aço estampado e parte da tampa do porta-malas era pintada em preto fosco. Este modelo podia dispor de um generoso teto solar em lona com comando elétrico. Na versão básica, 17 TL, tinha a mesma motorização do 15 TS.

Para completar, a versão topo de linha era a 17 TS. Ao invés dos carburadores de corpo duplo Webber da versão mais tímida, era equipado com uma injeção eletrônica Bosch, sistema adotado pela primeira vez na Renault. Tinha a mesma cilindrada do anterior, mas com 109 cavalos a 6.250 rpm e torque de 13,7 mkg. Válvulas no cabeçote em V com comando lateral. Sua velocidade final era de 185 km/h e chegava aos 100 km/h em 11 segundos. Para este foi reservado um cambio com 5 marchas para aproveitar mais a potência. Todos os motores da linha, de todas as cilindradas sempre se mostraram bastante robustos.

Os freios eram a disco tanto na frente quanto atrás sendo que os dianteiros eram ventilados. Os pneus desta versão mais performante eram na medida 165 SR 13.

Por dentro oferecia bom conforto com bancos anatômicos para quatro passageiros. O revestimento em couro era opcional assim como os apoios de cabeça, a pintura metálica, com cores muito vivas e os vidros verdes. O painel futurista trazia quatro meia conchas com mostradores diversos. Mas só os 17 tinham conta-giros de série. Completava o volante esportivo com dois raios de alumínio cromado de boa empunhadura.

A suspensão dianteira, independente, tinha amortecedores hidráulicos telescópicos e barras estabilizadores. Atrás tinha eixo rígido e o mesmo tipo de amortecedores. Havia também um regulador de pressão conforme a carga submetida.

Toda a linha, com suas várias versões agradaram bastante a várias classes. Desde os mais jovens que desejavam um carro moderno, com desenho esportivo até famílias pequenas. Não eram caros como os BMW 2002 nem os Alfa GTA mas tinham um bom desempenho e acabamento correto com acessórios interessantes. Em 1974 seus concorrentes eram o Toyota Celica, o Fiat 124 Sport, o VW Scirocco além do Capri e do Opel Manta. Porém estes dois tinham um comportamento menos europeu que os outros e os Renault.

Neste ano o 17 TS iria para as competições, praxe no Grupo Renault, o que lhe rendia boas vendas. Ia ter a pesada missão de superar o R12 Gordini. A preparação da fábrica visava os ralis e este modelo iria fazer dupla com as famosas berlinetas Alpine. Coube ao engenheiro Hubert Melot a preparação do motor 807 G4 que o deixou com 1.774 cc e 170 cavalos a 7.500 rpm. Seu torque máximo era de 19,9 mkg a 6.500 rpm. Era alimentado por dois  carburadores de corpo duplo Weber 45 DCOE. Sua velocidade final era de 222 km/h.

Obteve diversos sucessos em ralis regionais e tirou o primeiro lugar na classe turismo especial no Rali de Monte Carlo em 1975 e também no Rali do Marrocos. Também ganhou o primeiro lugar geral no rali americano “Press on Regardless” e dois títulos na copa europeia dos países socialistas.

Em 1976 recebia  sua primeira reestilização. Na frente os para-choques, tanto do 15 quanto do 17 tinham só a metade cromada.

No 17 as mudanças eram maiores. De lado a “veneziana” era em preto fosco. A frente conservava os faróis redondos, mas a grade era dividida. Ficou mais moderna e não perdeu a harmonia. Atrás ambos receberam um discreto aerofólio que também era pintado em preto fosco e este tom se estendia até a parte debaixo do porta-malas. Os pneus também estavam mais adequados. As rodas de aço pintadas na cor prata recebiam o 175/70 SR 13. Também novo painel e acabamento interno

Foi produzido até 1979 e deixou grandes admiradores na França e na Europa por sua resistência, estilo agradável e versatilidade.


Texto e montagem Francis Castaings. Demais fotos de divulgação                                  

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