O pequeno travesso

Na virada da década de 50 para a década de 60, os automóveis familiares em quase todo mundo começavam a ter carrocerias de linhas mais retas e angulosas. Havia exceções com o Citroën DS e os Jaguar.

Mesmo entre os pequenos, a impressão que se dava, era que eles imitavam os grandes no que se refere a estilo. Na França, os Simca -- Société Industrielle de Mécanique et Carrosserie Automobile, nada tinham mais haver com sua origem italiana da década de 30. Em 1958 a Chrysler americana passou a ter 15% das ações da empresa francesa. E isto influenciou no desenvolvimento do novo projeto 950. Esta deveria ser a cilindrada do novo modelo de automóvel pequeno que entraria em cena no princípio da década de 60. E logicamente iria participar do mercado americano pois lá, alguns pequenos carros europeus, como o VW Sedã (saiba mais), já faziam sucesso e se misturavam aos grandões.

Decidiu-se também que teria quatro portas, motor traseiro e transportar com conforto quatro passageiros. Descartou-se de imediato a configuração boxer no que se refere a posição dos cilindros e optou-se por quatro cilindros em linha com cinco mancais.

No começo do mês de outubro de 1961, a imprensa testou o novo Simca 1000 no autódromo de Linas-Montlherey, famoso por suas pistas inclinadas e situado na região parisiense e no salão de Paris do mesmo mês ele foi apresentado ao público.

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Um pouco de história de Linas-Montlherey

Este autódromo nasceu em 1924 e foi criado pelo industrial francês Alexandre Lamblin que era fabricante de radiadores para automóveis e aviões. Ele era também um apaixonado pelos esportes a motor e dono do jornal Aéro-sport. Na época os circuitos de Brooklands na Inglaterra, Indianápolis nos Estados Unidos e Monza na Itália já tinham suas pistas para a disputa e quebra de recordes entre aviões e carros.

Onde fica? Sudoeste de Paris, França. Distância: Paris-Montlhéry - 18,5 quilômetros.

O traçado: Este tem 12 curvas (as inclinadas com 51º) e 12,5 quilômetros de extensão. Foi desenhado pelo engenheiro Raymond Jamin. Decidiram que este teria uma pista oval com duas retas de 180 metros e as curvas côncavas de forma parabólica que também teria acesso à parte plana formando uma espiral logarítmica.

Teria que permitir veículos de duas toneladas chegassem à uma velocidade de 220 km/h na parte mais alta da curva. Esta parte tem 2.548,24 metros de extensão. Mil toneladas de aço e oito mil metros cúbicos de cimento foram utilizados e dois mil operários que trabalharam durante seis meses. Foi finalmente inaugurado em 4 de outubro de 1924.

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O pequeno sedã de três volumes media 3,80 metros de comprimento e pesava 730 quilos. Na frente carregava o pneu estepe e pouca bagagem. Atrás o pequeno motor tinha 944 cm³, 50 cavalos a 5.200 rpm e taxa de compressão de 8,2: 1. Sua tração era traseira, o cambio tinha quatro marchas sincronizadas (licença Porsche) com alavanca no assoalho  e sua velocidade máxima era de 125 km/h. A versão GL e GLS eram um pouco mais potente, com taxa de compressão de 9,2:1, 52 cavalos e máxima de 134 km/h. Ambos eram alimentados por um carburador simples da marca Solex. Econômico, fazia 15 quilômetros com um litro de gasolina. O tanque tinha 36 litros.

O estilo era equilibrado. Na frente dois faróis redondos e logo abaixo uma falsa grade onde estava incrustado duas luzes de sinalização. Atrás era notável, sobre o capô, a presença de aletas de refrigeração e os faroletes redondos. Simpático e moderno frente a concorrência. Por dentro bancos individuais dianteiros e painel super simples com mostradores horizontais. Bom conforto para quatro adultos e ótima visibilidade para o motorista. O carro era ágil no transito urbano e não fazia feio na estrada. 

Em 1962 ele já havia conquistado uma boa fatia de mercado e terminado o ano com 160.000 exemplares produzidos.

Neste mesmo ano chega o Renault 8 (conheça) para competir no mercado francês e também no europeu. O estilo e a concepção mecânica de ambos era muito próxima. Em 1963, a Chrysler já tinha o controle de 64% da Simca e também do grupo Rootes na Inglaterra.

Em 1965 o 1000 já fazia parte das ruas norte americanas e canadenses. Na frente, ao invés da pequena falsa grade, um bigodinho central que até lembrava o Corvair. Pouco tempo depois, ganhava um novo para-choques que protegia mais a frente do carro e frisos cromados nas laterais. Havia pequenas diferenças de estilo do automóvel original.

Em 1967 a Simca oferecia a todos os modelos 2 anos de garantia ou 60.000 quilômetros e no ano seguinte o 1000 já chegava ao milionésimo exemplar. 

Três anos depois, para aumentar as vendas de um modelo que já tinha quase 10 anos de produção, foi lançado o modelo Simca 1000 Rallye. Seu motor tinha 1.294 cc e 60 cavalos a 5.400 rpm. A taxa de compressão era de 9,8:1, freios a disco dianteiros, pneus 145 SR 13 e velocidade máxima de 155 km/h. Atingia os primeiros 400 metros em 19 segundos e o quilômetro inicial em 36.

Agradou e seu objetivo era atacar o modelo R8 Gordini, porém custava quase a metade deste. Era nervoso, tinha boa aceleração e relativamente estável. Tinha a tendência de jogar a traseira em curvas mais fechadas e não gostava muito de pisos molhados. 

Por fora se destacava pelo capô preto fosco, pintura com cores vivas, faixas pretas verticais atrás (como nos Dodge e Plymouth esportivos), rodas pretas com sobre-aro e faróis auxiliares de longo alcance redondos.

Por dentro banco em formato de concha, cintos de três pontos, volante de três raios esportivo de pequeno diâmetro e instrumentação que incluía conta-giros, velocímetro, voltímetro, nível do tanque e marcador de temperatura da água e de óleo.

Pouco depois, no Salão de Paris de 1972 foi lançado o Rallye 2. A cilindrada era a mesma,mas a potência subia a 82 cavalos graças a adoção de dois carburadores de duplo corpo.  Na frente foi colocado um radiador, abaixo do para-choque, que tinha um ventilador elétrico com comando termostático. Na suspensão, que era independente nas quatro rodas, foram adotadas novas barras estabilizadoras e atrás tinha cambagem negativa. O comportamento melhorou muito.Também, freios a discos nas quatro rodas e novo tanque de 50 litros para aumentar a autonomia pois agora tinha mais apetite.

Sua velocidade final era de 169 km/h e atingia os primeiros 1.000 metros em 33 segundos. Era oferecido nas cores verde, amarela, vermelha ou branca sem decoração e rodas de liga leve eram opcionais. Ficou mais invocado ainda e bom de briga. Um carro pronto para entrar em competições regionais e que não necessitava de muitas alterações. Fazia muito sucesso entre aqueles que queriam iniciar a carreira de piloto gastando pouco e tendo muita emoção.

Cinco anos depois, em 1977, chega a versão Rallye 3. Abaixo uma versão para o mercado inglês com a nova grade do modelo da linha básica

Não era mais um carro de rua e sim um pequeno foguete das pistas. O objetivo era produzir 1.000 exemplares para a homologação no Grupo 1 FIA. Sua carroceria recebia peças em fibra de vidro tais como prolongamento de para-lamas mais largos, spoiler dianteiro e aileron traseiro. Tinha também uma falsa grade em plástico preto e faróis quadrados. O aspecto ficava muito agressivo. Debaixo do capô traseiro a potência subia para 103 cavalos a 6.200 rpm com taxa de compressão de 10,3:1.

Seu comando de válvulas estava mais trabalhado e com novas válvulas. Para suportar a nova potência ganhou nova embreagem e novas relações de marchas. Ele estava mais ágil e mais estável com os pneus Pirelli HCN 165 / 13 na frente e 175 /13 atrás. A primeira marcha ia até 70 km/h, a segunda até 110 e sua velocidade final era de 183 km/h. Os 1.000 ficavam abaixo dos 32 segundos.

Após quase 18 anos de produção e com pouquíssimas modificações de carroceria o Simca 1000 deixava de ser produzido em todas as versões em 1978.  O peso da idade era notável. Mas a lembrança até hoje é muito boa. Veja um trecho de um filme

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O Abarth

A pedido do presidente da Simca, Henri Théodore Pigozzi, no início de 1961, foi encomendado a empresa Abarth, que já fazia projetos  especiais de carros preparados para a Fiat, um trabalho também especial para os Simca 1000. Foram desenvolvidos quatro protótipos do Simca 1000, cada um com um nível diferente de preparação. O Simca-Abarth 1150 com 55 cavalos , o 1150 S com 58 cavalos, o 1150 SS com 65 cavalos e o 1150 Tipo Corsa com 85 cavalos .Essas versões equipadas com o motor básico da Simca, mas a cilindrada foi aumentada para para 1.137 cm³. Por fora uma nova grade com o escudo do escorpião, símbolo da Abarth, sua identificação e bem vindos quatro freios a disco para frear bem a nova potência. Não foi comercializado na França, pois a Chrysler impediu que se usasse o nome Abarth. Fez enorme sucesso na Itália e Alemanha. Infelizmente não passou de 100 unidades!

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No Brasil

Em Águas de Lindóia

Um Rallye para os ingleses

Mostrando o pequeno motor bravo e volante do lado direito

Instruções em inglês e francês

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No 21º Rali de Veículos Histórico de Competição -Monte Carlo, Mônaco

A bela, charmosa e importante cidade de Monte Carlo, no Principado de Mônaco recebeu mais uma vez o Rali de Veículos Históricos de Competição. Veja como foi














Chegando

Um Simca Rallye II da dupla Luis Momot e Jacqueline Casamayou, minha prima, que participou de mais um rali e me enviou estas belas fotos. Mille Merci cousine, muito obrigado prima!

Um modelo adequado ao tipo de prova

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Em escala

Quatro modelos na escala 1/43. O azul é um Táxi  de Madrid (fabricante Altaya), o verde é um Rally 2 (fabricante Norev) e o branco (fabricante Hachete)  e o cinza (fabricante Metro) versões Abarth

Texto, fotos e montagem Francis Castaings  - Fotos de divulgação                               

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