Arma Italiana para combate na França

O carro que enfrentou o Ford GT-40 em Le Mans

Desde a estreia no final dos anos 40 e na década de 50, a casa italiana de Maranello sempre se mostrou vitoriosa e combativa com seus carros vermelhos. Brilhou nas mãos dos melhores pilotos do mundo, como Juan Manuel Fangio (conheça) , Lorenzo Bandini, Phil Hill e vários outros de quilate equivalente. Tanto os modelos de corrida quanto os civis sempre mostraram agressividade, potência, distinção, mas também linhas harmoniosas. Aliando muita beleza e potência, no final de 1965 foi anunciado pela imprensa o modelo 412 P, mas este era a designação do modelo modificado por equipes particulares.

Tornou-se conhecido pela mesma somente em fevereiro de 1966. A designação da fábrica indicava quatro para 4 litros de cilindrada (3.967 cm³), 12 para o número de cilindros e P de protótipo. Como este modelo estava substituindo o Ferrari 330 P2, porém com um chassi tubular redesenhado que, tinha aço e alumínio em sua construção e, consequentemente uma nova carroceria toda em alumínio. Na fábrica  ficou conhecido como 330 P3 e em 1967 passou a ser designado pelo fabricante como P4. O novo combatente das pistas pesava 100 quilos a menos que o anterior.

O modelo seria destinado a equipes privadas. Foram a competente belga Scuderia Filipinetti, que usava as cores vermelhas originais com uma grande faixa central amarela ou branca, a também famosa americana NART, North American Racing Team  e ao concessionário inglês de nome Maranello para disputar o concorridíssimo campeonato mundial de marcas de esporte-protótipos.

O P3 era um belo bólido de corridas de porte muito baixo. Apenas 1 metro de altura, 1,81 de largura e 4,18 de comprimento. Sua carroceria era toda em fibra de vidro realçando linhas muito curvas e suaves. A berlineta foi projetada pelo estúdio de carroceria de Piero Drogo situado em Modena, na Itália. O chassi, semi-monocoque, era em painéis de alumínio rebitado. O desenho de sua carroceria influenciou vários projetistas da época. O para-brisas era imenso, a visão lateral boa e péssima para trás como convém a um carro de corridas da época. Este Ferrari pesava 792 quilos, media 4,18 metros de comprimento, 1,81 de largura e 1,0 metro de altura. Seu reservatório de gasolina era de 140 litros

Seu motor, um 12 cilindros em “V” a 60º, 3.967 cm³, era arrefecido a água, em posição central, desenvolvia 400 cavalos a 8.200 rpm. O bloco do motor e o cabeçote eram fundidos em liga de alumínio e tinha duplo comando de válvulas no cabeçote. Sua tração era traseira e caixa de cinco marchas era da marca alemã ZF habituada a frequentar diversas marcas de renome. Ao abrir-se o capô traseiro, toda a mecânica ficava a vista. 

Os freios a disco nas quatro rodas eram da marca Girling e os pneus eram na medida 10-15x15 na frente e 12-15x15 atrás. O desenho do cubo de rodas era também destaque de beleza. E o estepe, como “ordenava” o regulamento, estava presente atrás dos doze cilindros. Trazia certo charme e era visível através do vidro do capô traseiro.















Os primeiros testes foram feitos pelo competente piloto John Surtees visando um evento no prestigiado autódromo de Monza. Iria enfrentar, no disputadíssimo campeonato mundial, verdadeiras feras no asfalto dos circuitos famosos e badalados da década de 60. Estes eram os americanos Chaparral, Mirage, Ford GT 40 (Conheça)  e o alemão Porsche 906. Iria ser travada uma verdadeira batalha entre as marcas mais evidentes daquela época.

Por dentro, como o regulamento exigia, havia dois lugares. O volante, de três raios e diâmetro pequeno, estava à direita, bem posicionado a esquerda da alavanca de marchas, com a tradicional grelha de alumínio. A instrumentação, no pequeno painel, continha apenas o necessário para a pilotagem. 

Em testes, sua velocidade final foi medida na famosa reta Hunaudiéres em Le Mans. Alcançou ótimos 330,00 km/h. A aceleração muito forte é comparável a de um esportivo de ponta de hoje, algo como 0 a 100 km/h em 4 segundos. O som dos 12 cilindros vindo de trás, era muito forte e emocionante.

Era um carro promissor e com futuro muito competitivo. Nesta época a aerodinâmica era trabalhada para que os carros atingissem a maior velocidade possível em retas. Por isso, nas curvas a perícia do piloto era fundamental. Após vários testes, os engenheiros da empresa italiana redesenharam o chassi para aumentar a rigidez torcional.

Na temporada de estreia a primeira vitória aconteceu em casa, nos 1.000 Quilômetros de Monza em 1966 e foi pilotado pela dupla Mike Parkes e John Surtees. Além de ganharem a prova, o piloto inglês, antigo campeão de motociclismo e mais tarde, construtor de carros Formula Um, bateu recordes debaixo de um temporal memorável. Em sua melhor volta obteve média de 189 km/h neste famoso circuito. Nesta prova os Ford GT 40 bem que tentaram, mas não conseguiram seguir os velozes carros italianos. A empresa norte americana, especialistas em “Big Blocks”  ficou impressionada. Neste ano também ganhou em Spa-Francorchamps na Bélgica e a Ferrari sagrou-se campeã mundial de marcas.

Em 1967 a injeção Lucas dava lugar a seis carburadores Weber, e a câmara de combustão passava a ter três válvulas por cilindro. Estava mais potente com 450 cavalos. O cambio foi substituído por um da casa já que o ZF estava mal ajustado. O novo era mais preciso e as relações eram melhores e mais rápidas. A equipe oficial agora entrava em cena, junto com as outras, e estava sob a batuta do competente e famoso Mauro Forghieri.  

A suspensão, independente, triangular, tinha barras estabilizadoras tanto na frente quanto atrás, também havia sofrido alterações para suportar pneus mais largos visando uma melhor estabilidade em curvas. A frente do carro estava um pouco mais longa o que melhorou a penetração aerodinâmica. Os retrovisores agora estavam embutidos nos para-lamas dianteiros. 

Foram inscritos para correr em Daytona nos EUA, Monza, Spa, Le Mans, Targa Florio, modelo Spyder sem teto, também chamado pelos italianos como Barchetta,  e em Brands Hatch na Inglaterra.

Ganhou, em 5 de fevereiro, as 24 horas de Daytona, com o carro de numero 23, modelo Spyder P4. Três carros da casa de Maranello chegaram em primeiro lugar. 

Nos EUA o carro da equipe NART tirou o 3º lugar e os belgas ficaram com 4º em Monza. Em Targa Florio dominou em quase todo o trajeto, mas quase no final quebrou.

Na Bélgica a corrida foi histórica num dia de muita chuva. Foram inscritos os carros da equipe oficial e das Três “estrangeiras”. Na largada Scarfiotti e Parkes (Oficial) estavam ao lado do Chaparral da dupla Graham Hill e Mike Spence e do Mirage de Jacky Ickx e Rees. O duelo entre todas as Ferraris (Willy Mairesse, Beurlys, Bianchi e Attwood) e seus concorrentes foi muito emocionante. Depois de várias disputas, batidas e abandonos, Beurlys da Equipe Francorchamps, chegou em 3º.

Em Le Mans o forte grupo americano Ford preparou uma verdadeira armada de GT’s 40. Nesta prova o P4 conseguiu o 2º lugar com a dupla Ludovico Scarfiotti e Mike Parkes e o 3º com a equipe belga sendo que os carros foram pilotados por Willy Mairesse e Jean Blaton.

A Ferrari não ganhou em Le Mans com este carro, mas ganhou o campeonato de construtores na categoria  protótipo em 1967. Este foi o ultimo duelo entre estas marcas neste famoso circuito francês. 

O 412 P ou P3/P4, foi um dos mais belos carros de esporte protótipo já construídos pela Ferrari. Uma obra prima sobre rodas. Se não foi grande campeão nas pistas, fora delas, um show de designer.

Num dos livros famosos existentes, “Ferrari au Mans” que narra a trajetória dos carros vermelhos nesta competição desde 1949, o P3/P4 P de Scarfiotti e Parkes está na capa junto com o famoso 250 GTO de 1962, o 250 Testa Rossa de 1957 e o 512 BB.

Na rampa do caminhão da marca Bartoletti Transporter um Ferrari P4 também muito bonito. E veloz!

Em agosto de 2000, em Pebble Beach, na Califórnia, onde se realiza uma das mais ricas e tradicionais exposições e leilões de carros antigos, um modelo P3 foi vendido, pela famosa casa inglesa Christie's por 5.616.000 dólares. Não há erro aqui de pontos! São milhões mesmo. Não faça a conversão. Assusta!

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O modelo antecessor 330 P

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Os sucessores

Abaixo o Ferrari 512 M 1970

E o 512 S

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Em Escala

Este belo exemplar está na escala 1/18

Na escala 1/43 da coleção Ferrari

E os Hotwheels na escala 1/64

O mundo Ferrari pode ser vermelho, amarelo, branco...

Dix_Mille_Tour_2015_Samedi_Paul_Ricard__(14)

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O Filme

Narra a batalha histórica em Le Mans de marcas famosas cujo principais opositores são Ford e Ferrari. Veja o trailer

Neste outro se vê mais cenas com o Ferrari 330 P3/P4

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Texto e montagem Francis Castaings. Fotos de divulgação, Rétromobile, Classic Days e Organizações Peter Auto.                                                               

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