Criminoso só no nome
De um Rebelde para um Matador. Este foi um recurso de nomes que a American Motors Corporation, a lutadora AMC usou para batizar seus carros entre as décadas de 60 e 70. Nos anos 50 a linha Rebel fez parte dos extintos modelos Rambler e tornou a ser usado na metade da década de 60 até o início de 1970.
A AMC nasceu Rambler, em 1917 foi incorporada pela Nash e na década de 50 se uniu a Hudson, a Studebaker e a Packard formando a American Motors Corporation.
No final de 1970, nascia a linha Matador e logo seria o modelo topo de linha da empresa, pois o grande Ambassador já estava se aposentando. O novo automóvel tinha três carrocerias: sedã com três volumes e quatro portas, outra com duas portas hardtop que tinha um leve fastback e uma Station-Wagon derivada do sedã de quatro portas muito espaçosa.
O sedã tinha comprimento de 5,23 metros, 1,36 metros de altura, 1,96 de altura e 2,99 metros de entre-eixos. Pesava cerca de 1.673 quilos. Essas medidas o qualificavam como um sedã intermediário, os chamados “Mid-Size” nos Estados Unidos e iria lutar por um lugar no asfalto com o Chevrolet Impala da General Motors, com a linha Dodge Coronet/Plymouth Satellite com os Ford Galaxie, Ford Torino e Mercury Montego.
Sua frente tinha quatro faróis circulares e a grade proeminente era dividida em dois grandes retângulos. Estes eram incorporados aos para-choques dianteiros. Em todo o conjunto sobravam cromados. Atrás tinha três lanternas retangulares bem visíveis e contornando toda a traseira mais frisos cromados. Era um sedã com três volumes distintos, bonito e dentro do padrão americano sem trazer nenhuma surpresa no estilo.
A Station-Wagon trazia ótima área envidraçada era bonita e imponente. A quinta porta podia ter abertura da metade da tampa inferior tanto para baixo quanto para o lado. Tinha um defletor no final do teto para ajudar na aerodinâmica e termos de decoração podia ter parte da lateral com adesivos imitando madeira. Podia como opcional receber um terceiro banco. Todos os modelos tinham maçaneta embutida, uma iniciativa norte-americana em termos de segurança em carros de produção em série.
Tradicional tinha motor dianteiro, refrigerado a água, em posição longitudinal e tração traseira. O propulsor mais modesto era um seis cilindros em linha, 3.802 cm³ (232 polegadas cúbicas), bloco e cabeçote em ferro fundido e potência de 135 cavalos a 4.000 rpm. Seu torque máximo era 25,6 mkgf a 1.800 rpm.. Modesto para suas dimensões e peso, sua velocidade máxima era de 160 km/h. Outro, um pouco mais potente tinha 4.228 cm³ e 150 cavalos a 3.800 rpm. Ambos eram alimentados por um carburador de corpo simples e o comando de válvulas era lateral. Para estes modestos seis cilindros, mas econômicos e mais baratos no ato da aquisição havia opção de câmbio de três marchas na coluna mecânico ou automático.
Os mais interessantes e muito apreciados na América eram os motores com oito cilindros em “V”. O mais tranquilo tinha 4.981 cm³, 210 cavalos a 4.800 rpm e torque máximo de 33,8 mkg.f . Tinha comando de válvulas central e era alimentado por um carburador de corpo duplo da marca Carter.
O intermediário era o motor 360 com 5.899 cm³ e 245 cavalos a 4.800 rpm. Neste o torque saltava para 43,5 mkgf a 3.100 rpm. Era alimentado por um carburador de corpo duplo, mas com a mesma cilindrada havia um com carburador de corpo quádruplo e 285 cavalos. Sua velocidade final era de ótimos 195 km/h. O mais desejável e potente era o 401. Com 6.571 cm³ e potência anunciada pela AMC de 330 cavalos a 5.000 rpm, era alimentado também por um carburador de corpo quádruplo. De série podia vir com caixa manual de quatro velocidades com alavanca no assoalho ou automática no console ou na coluna. Vinha ainda com duplo cano de descarga em alumínio. Fazia de 0 a 100 km/h em 7,7 segundos e sua final era de 210 km/h. Seus freios tinham duplo circuito e os dianteiros eram a disco.
O cupê e a Station-Wagon eram equipados com pneus F78 x 14 Black ou H78 x 14 Black que podiam vir com faixa branca. Se equipado com o motor 401 os pneus eram na medida E80 x 15. Sua suspensão era clássica. Tinha desenho triangular na dianteira com molas helicoidais e amortecedores telescópicos. Atrás tinha o mesmo sistema de amortecimento e eixo rígido. Como a maioria dos carros deste porte em curvas fechadas em alta velocidade soltava a traseira.
Numa concorrência para o exigente Departamento de Polícia de Los Angeles, na Califórnia, o AMC Matador venceu. Entre os anos de 1972 e 1974 foram 534 unidades que serviram à corporação.
E nas pistas também, o modelo fastback com a mesma motorização fazia bonito nas mãos de Mark Donohue e de Donny Allison, teve a preparação aos cuidados da famosa e competente equipe de Roger Penske que sempre atuou em várias categorias tradicionais no país. Preparado, este carro chegava perto das 200 milhas por hora, cerca de 321 km/h em circuito ovais. Seus principais concorrentes nas pistas eram o Chevrolet Monte Carlo da GM, o Ford Torino, o Mercury Montego, e o famoso Dodge Charger azul de Richard Petty. Em 1973 venceu em Riverside no estado da Califórnia e com o motor de 366 polegadas cúbicas e 515 cavalos de potência fez uma volta de classificação em Daytona, na Flórida a 278, 41 km/h. Tinham vocação para as corridas.
Quanto a todas as versões civis, por dentro independente da carroceria, eram muito confortáveis e com acabamento correto. Mesmo com alavanca de marchas na coluna, os bancos dianteiros eram individuais, porém bem próximos. Tinham apoio para a cabeça, eram reclináveis e tinham uma enorme quantidade de cores de tecidos para o cliente escolher. O painel tinha três mostradores quadrados com fundo imitando madeira e desenho agradável e moderno. Podia também ser equipado com rádio AM-FM, ar condicionado e vidros verdes. O volante de dois raios tinha boa pega, tinha assistência hidráulica de série e a posição de dirigir era muito boa.
Os três modelos eram fabricados também no México, na capital, pela VAM (Vehículos Automotores Mexicanos) e na Austrália, em Port Melbourne pela AMI (Australian Motor Industries) com algumas modificações e leva a marca Rambler.
Em 1974 toda a linha recebia retoques, mas o destaque ficava por conta do lançamento do AMC Matador cupê X que substituía a versão duas portas derivada do sedã.
A empresa ousava novamente lançando um cupê diferente de tudo que podia ser visto na América. Não chegava a ser bizarro, mas estava dentro do padrão do Gremlin e do Pacer. Como o Javelin tinha deixado de ser produzido, este era o esportivo principal da linha já que o AMC Hornet era destinado a outro público. Sua linhas eram curvas frente grande e capô pronunciada, faróis circulares inseridos neste e grade com frisos horizontais. Nesta também estavam inseridos luzes de seta. A área envidraçada era muito boa e os vidros laterais não tinham calhas. Atrás recebia faroletes circulares.
O desenho era obra do vice-presidente de do departamento de estilo da empresa Richard A. Teague e recebeu palpites de Mark Donohue. Neste mesmo ano os editores da prestigiada revista Car and Driver magazine davam ao “X” o prêmio de "Best Styled Car of 1974". Este novo produto media 5,32 metros de comprimento, largura de 1,97, 1,32 de altura e 2,90 de entre-eixos e pesava 1.845 quilos.
Por fora recebia várias versões de acabamento que combinavam com o interno. O esportivo numa só cor, normalmente berrantes, tinha uma faixa lateral branca e rodas de liga leve com desenho esportivo e atraente. Por dentro bancos esportivos, imitando o concha, console central e volante de três raios metálicos.
Outra luxuosa, denominada Brougham, recebia teto de vinil, cores discretas e acabamento com bancos luxuosos e sofisticados.
Os motores disponíveis eram os mesmos, ou seja, o 258, o 304 e o 360. Por causa da crise de petróleo que nocauteou todos os cupês musculosos americanos o motor 401 não estava mais em produção. Neste primeiro ano de produção o Matador Cupê X vendeu 62.600 unidades. A AMC comemorou.
No belo esportivo Javelin a empresa ofereceu acabamento com bancos e interior feitos pelo ateliê do estilista francês Pierre Cardin. Já o Matador X teve uma versão confiada a Oleg Cassini que era a personalidade da moda em Hollywood e na alta sociedade. Uma de suas clientes era Jacqueline Kennedy.
Só era oferecido nas cores preta, branca ou cobre. Na lateral recebia a pequena janela denominada Opera Window e seu interior era empregado materiais nobres como a forração de portas e bancos em couro. A grade dianteira era diferenciada assim como as calotas mais refinadas.
O motor deste era um pouco mais tímido em sua versão topo de linha. O V8 tinha 5.896 cm³, potência de 225 cavalos a 4.400 rpm e torque de 43,5 mkgf a 3.100 rpm. Fazia de 0 a 100 km/h em 9 segundos e sua velocidade final era de 189 km/h. O modelo sedã de quatro portas, a Station-Wagon e o cupê X foram fabricados até 1978. Foram os últimos carros grandes da AMC.
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Nas pistas
Nas pistas continuou e fazendo bonito nas mãos do veterano Bobby Allison e Mark Donohue. Abaixo o modelo inicial.
O “X” tinha melhor aerodinâmica e conseguiu novas vitórias em Riverside, Daytona, Darlington, Ontário e Southern.
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Nas telas
Também foi um campeão em telas de filme e seriados. No filme 007 Contra o Homem da Pistola de Ouro (The Man with the Golden Gun) era o carro do vilão Francisco Saramanga (Christopher Lee) que após uma perseguição tem asas e um motor acoplado a carroceria e decola para o espanto de todos. Nos seriados Arquivo Confidencial e Gatões o sedã era presença constante. O AMC Matador nas ruas de Bangkok na Tailândia.
Acima Scaramanga, o Homem da Pistola de Ouro e seu assistente Nick Nack (Hervé Villechaize). Trata-se de uma maquete, mas a cena é muito bem feita.
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Em Escala
A Miniatura 1/43 do Matador. Bonita em qualquer ângulo e rara.
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Textoe montagem Francis Castaings. Fotos de divulgação.
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