O Pequeno Sedã da Gurgel

A Gurgel Veículos , nossa mais famosa fábrica de veículos fora de estrada e lazer produziu utilitários de sucesso durante duas décadas e um pequeno sedã urbano muito interessante.

A cidade de Rio Claro, no interior do estado de São Paulo, já sediou uma importante indústria de automóveis nacionais. Foi fabricado lá durante duas décadas utilitários, carros elétricos e carros urbanos. Foi fundada em primeiro de setembro de 1969 pelo intrépido engenheiro mecânico e eletricista João Augusto Conrado do Amaral Gurgel que sempre sonhou com o carro genuinamente brasileiro. Devido às exportações que sua empresa passou a fazer com o sucesso de seus produtos, ele sempre dizia que sua fábrica não era uma multinacional, e sim muito nacional. O capital era 100 % brasileiro.

O final de 1981 era apresentado o modelo XEF no XIII no Salão do Automóvel em São Paulo, capital. Sue estreia se deu em 1983 e segundo João Augusto Gurgel  definira o XEF como um carro urbano de luxo  e visava executivos na faixa dos 40 anos de idade ou o segundo carro de uma família abonada.A Gurgel previa a produção de 100 unidades por mês do pequeno sedã. Mas não houve grande procura e a produção foi encerrada em 1986. Pouco mais de 100 carros chegaram as ruas. Era um carro muito exclusivo.

Com duas portas e três volumes era um carro urbano bastante interessante. Apesar de não ser novidade, contava com três bancos dianteiros. Este recurso pouco comum já tinha sido aplicado no francês Matra Bagheera, mas este era um esportivo. Três adultos de boa estatura se acomodavam com dificuldade. O acesso para o interior era digno de contorcionistas. O espaço para bagagem era mínimo. O desenho da carroceria era alegre e vistoso, baixo e pequeno. Media 3,12 metros de comprimento, 1,72 de largura,1,3 de altura e 1,8 de entre-eixos. Seu peso segundo dados do fabricante era de 800 quilos. Recebia a mecânica do VW Brasília com dupla carburação. Seu motor traseiro, tinha quatro cilindros opostos (boxer) , 1 584 cm³, carburador de corpo duplo (versão álcool) e potência de 56 cavalos a 4.400 rpm. Sua suspensão dianteira era independente, com barras de torção. Atrás também independente com molas helicoidais, braços longitudinais, tensores longitudinais a amortecedores hidráulicos na frente e atrás. Seus freios eram a disco na dianteira e tambor na traseira. Usava rodas de liga leve com pneus radiais da marca Goodyear na medida 175/70 SR 13. Sua aceleração de 0 a 100 km/h era em 19,64 segundos e sua velocidade máxima era de 155 km/h. Sua dirigibilidade era ótima. Sua tração era traseira e o cambio tinha quatro marchas. 

A visibilidade para a frente devido ao grande para-brisa, do mesmo tamanho, idêntico ao vidro traseiro e para os lados era muito boa. Não era uma solução inédira. Na frente tinha faróis retangulares com piscas na extremidade. No centro uma falsa grade preta.

As rodas copiavam o desenho dos Mercedes-Benz da época. Infelizmente a aceitação no mercado, devido principalmente ao preço, não foi boa e poucos foram produzidos. Custava 10% a mais do que custava o Volkswagen Passat GTS Pointer

Abaixo da falsa grade, o para-choques podia ser na cor do carro ou preta. Seu pneu estepe ficava no  porta-malas a frente do tanque de combustível, álcool ou gasolina de 48 litros. Seu consumo médio era de 12,5 km/l. Utilizava as lanternas traseiras do Volkswagen Brasília.

O painel todo na cor preta tina muitos instrumentos. Contava com nível do tanque de combustível, vacuômetro de óleo, para a medição da pressão, conta-giros graduado a 6.000 rpm e velocímetro graduado a otimistas 180 km/h e relógio de horas.

Contribuíam para o conforto os vidros elétricos, o tamanho do volante e a espessura dos bancos. Não havia sistema de ventilação interna... num país tropical! A posição de dirigir era correta e seu volante esportivo de dois raios era muito bonito. O acesso ao motor era dificultado pela ausência de uma tampa de motor idem para a linha dos jipes. Podia ter dimensões maiores, aproveitando a área disponível na traseira. 

A garantia de 30.000 quilômetros ou um ano se somava à de 100.000 quilômetros para a carroceria de cinco anos para o monobloco “Plasteel”, estrutura de aço e fibra típica dos Gurgel. Muito boa para a época . São muito raros hoje.


Texto, fotos e montagem Francis Castaings                                                                                       

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