Um Rebelde com causa

O nome Rambler nunca foi conhecido muito dos brasileiros. Dos europeus um pouco na década de 60 por causa de uma associação da AMC com a Renault francesa. Mas dos americanos foi uma marca muito conhecida. A empresa nasceu em 1900 a partir de um modelo experimental feito por Thomas B. Jeffrey. A produção em série começou apenas em 1913 e a empresa foi batizada com o nome de Rambler. Depois mudou a razão social para o sobrenome do fundador. Pouco depois, em 1917, foi absorvida pela Nash. Em 1950, o nome Rambler foi usado nos modelos básicos da Nash, nos carros mais econômicos. Quatro anos depois, a Nash, a Hudson, a Studebaker e a Packard se fundiram formando a American Motors Corporation, ou AMC.

Nesta década também houve uma modificação importante nos carros em todo o mundo. Nos Estados Unidos eles tinham a carroceria mais baixa, motores mais potentes e uma renovação constante. Modelo da General Motors, como o Chevrolet Bel Air eram sucesso. Nas mesma linha vinha a Ford com o Fairlane e o Crown Victoria. A Chrysler por sua vez atacava com o Dodge Coronet e a Plymouth com o modelo Belvedere e Fury. E a AMC também queria ter um modelo potente e competitivo. Foi assim que, em 1957, a empresa apresentou o modelo Rambler Rebel.

Tratava-se de um sedã de quatro portas, sem coluna, com capota estilo Hardtop. Sua carroceria não era nem um pouco atraente indo na contra mão dos estilos das concorrentes. A frente era pesada com uma grade oblonga que abrigava dois faróis circulares. Misturava frisos horizontais e verticais com um desenho grosseiro. Nas extremidades ficavam as lanternas de sinalização incorporadas aos pára-lamas dianteiros. Visto de perfil, a maior estranheza ficava por conta de uma faixa larga, que começava na dianteira e ia aumentando de espessura até o pára-lama traseiro. Podia ser na cor prata metálica e em dourado anodizado. A capota, quase quadrada, completava o susto. Também eram fornecidos nas versões cupês e perua. Também com estilo pouco ortodoxos.

Para compensar a infelicidade externa, o motor não fazia feio. Era um oito cilindros em “V”, com 255 cavalos e 327 polegadas cúbicas (5.358 cm³). Era equipado com um carburador de corpo quádruplo e podia ser equipado com transmissão manual ou automática. Foi considerado o precursor dos Muscle Cars, pois fazia de 0 a 100 km/h em apenas 7.8 segundos. Eram feiosos, mas furiosos. Apenas 1.500 modelos foram produzidos.

No ano seguinte ele passava a ser equipado com um motor mais modesto, mantinha os oito cilindros em “V” mas com 250 polegadas cúbicas. Para a felicidade dos fiéis da marca a carroceria estava mais convencional. Ganhava um discreto rabo de peixe e a frente nova grade e novo conjunto óptico. Em 1960 a linha Rebel saía do catalogo da AMC.

Em 1966 a linha da Rambler era composta do sub-compacto American Rogue, do compacto Classic, do esportivo Marlin e do sedã de grande porte Ambassador.

E o nome Rebel voltava à linha Rambler. O modelo era um cupê derivado do Classic. Porém com acabamento superior. Por fora o destaque ficava por conta do teto de vinil na capota Hardtop, cores metálicas e rodas com calotas raiadas. Por dentro bancos separados com encosto de cabeça, revestimento especial de bancos e painel mais completo. Com carroceria monobloco, media 4,95 metros de comprimento, largura de 1, 89, altura de 1,38 e entre-eixos de 2,84. Pesava 1.360 quilos. A carroceria tinha linhas retas e adequadas a seu tempo.

A gama começava com um motor de seis cilindros em linha, dianteiro, refrigerado a água, com 3.802 cm³ e potência de 147 cavalos a 4.300 rpm. Era alimentado por um carburador invertido da marca Holley. Sua velocidade final era de 160 km/h. Com o mesmo numero de cilindros, o cliente podia ainda optar por outra versão com dez cavalos a mais.

Os mais potentes eram aqueles que tinham oito cilindros em “V” a 90º. O mais modesto tinha 4.704 cm³, 201 cavalos de potência a 4.700 rpm e tinha um carburador de corpo duplo. Podia optar por um cambio manual de três ou quatro marchas e ainda o automático Flash-O-Matic.Mais interessante era a intermediária com deslocamento volumétrico de 5.360 cm³ e 253 cavalos de potência. O torque máximo era de 46,9 mkgf a 2.600 rpm e chegava a 185 km/h. A versão superior dos V oitão tinha carburador de corpo quádruplo, torque de 49,8 mkgf, potência de 274 cavalos e velocidade final de 195 km/h.

Sua suspensão era independente na frente, com desenho em trapézio e molas helicoidais. Atrás recebia eixo rígido, braços oblíquos, molas helicoidais e amortecedores telescópicos. Tinha freios a disco dianteiros e tambores nas rodas traseiras. Usava pneus 7.75 x 14.

Um 1967 os Rebel passavam a ter uma linha própria. Estavam mais modernos, com um desenho novo, mais bonito e eram maiores. Estavam disponíveis nas carrocerias duas portas, baseado nesta um conversível, um sedã quatro portas, uma perua e um belo cupê fastback com aparência agressiva. Tinha capô em preto fosco, entradas de ar, rodas de aço cromadas com desenho esportivo e pneus especiais E60 x 15. Tinha câmbio Hurst mecânico com quatro velocidades e relações de marchas especiais.

Eram montados já com a marca AMC e produzidos nas cidades de Kenosha no estado de Wisconsin e em Brampton no estado de Ontário no Canadá.

Os motores com seis cilindros em linha ainda estavam à disposição nas versões básicas. Mas os mais interessantes eram os V8 com 343 polegadas cúbicas (5.620 cm³) com potências de 235 ou 280 cavalos e os 390(6.390 cm³) com 315 ou 325 cavalos.

Uma versão especial do cupê, com 340 cavalos, denominada “The Machine” (acima) foi apresentada na cidade de Dallas no Texas onde acontecia o Encontro Nacional da Associação de Hot Rod's e também a final do Campeonato Nacional de corridas de Dragsters em 1969. Era uma série limitada e foram produzidas apenas 2.326 unidades. Enfrentava com galhardia concorrentes como o Dodge Challenger e muitos outros muscle car's

Os Rebel terminaram sua carreira em 1970. Os sedãs foram substituídos pelo AMC Matador (saiba mais)  e o esportivo pelo Javelin (conheça) . Os modelos Station Wagons continuaram a ser produzidos até 1978.

É um modelo cultuado hoje pelos amantes da extinta American Motors.

São raros hoje em bom estado

Texto e montagem Francis Castaings. Fotos de divulgação                                         

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