Levantado Fogo

Na década de 60 a Renault francesa, que sempre teve produtos variados, não tinha um esportivo que atirasse o gosto do público que deseja um veículo mais rápido. Quem gostava da mecânica da empresa, comprava os esportivos Alpine e ficavam muito satisfeitos. Nesta época, o único com características esportivas, mas de desempenho modesto, era o modelo Caravelle. O sedã Renault 8, lançado na versão Gordini em 1964 demonstrava ótimas características dinâmicas. Mas sua carroceria era muito comportada e familiar.

Nos anos 70, fizeram sucesso os modelo 15 e 17 que eram derivados do sedã 12. Esses Hatch tinham carrocerias esportivas, mas também eram modelos familiares. A versão 17 Gordini era muito apimentada e mostrava desempenho vigoroso. Em abril de 1978, a empresa lançava o sedã 18, um quatro portas de linhas modernas. E em setembro lançava a versão turbo do mesmo modelo que agradou bastante. Era a época de sucesso, da era turbo na Fórmula 1.

Dois anos depois, preenchendo uma lacuna em sua gama de produtos, era apresentado o Renault Fuego. Depois de anos era o primeiro carro da marca a não ser identificado por um número como era tradição. Com linhas verdadeiramente esportivas, este cupê era fabricado sobre a base do sedã 18. Abaixo um modelo exportado para o mercado americano

Sua carroceria de duas portas era moderna e havia sido elaborada nos estúdios da casa. Era atraente, muito aerodinâmica e diferente. O coeficiente CX era de apenas 0,34.  Era difícil de ser confundido. Misturava chapas de aço estampado e componentes em fibra de vidro. A visibilidade era ótima para todos os lados. Atrás, sua terceira porta abrigava um vidro de boas dimensões. E tinha um bom porta malas para a categoria do veículo.

Na frente seus faróis eram retangulares fazendo conjunto com as lanternas de  sinalização. A grade preta tinha frisos horizontais e ao centro desta portava o losango, escudo símbolo da marca da estatal. Frisos grossos de material plástico enfeitavam o perfil e lhe davam um toque ainda mais esportivo. Media 4,36 metros de comprimento e pesava 1.010 quilos. Abaixo uma versão importada para os Estados Unidos..Nota-se pelos para-choques maiores e faróis retangulares

O motor básico, que equipava as versões TL e GTL, era um quatro cilindros, dianteiro, arrefecido  a água. A cilindrada era de 1.397 cm³ e desenvolvia a potência de 64 cavalos a 5.500 rpm. O comando de válvulas era lateral e o torque máximo de 10,5 mkg a 3.000 rpm. Era alimentado por um carburador de corpo simples.

Sua tração era dianteira, raro num carro desta classe, e a caixa de marchas tinha quatro velocidades. Opcionalmente era oferecida uma com cinco marchas.  Os freios dianteiros eram a disco e os traseiros a tambor com servofreio de série. A velocidade máxima era de 158 km/h e decepcionou o público. 

Não tardou muito para que a empresa apresentasse uma versão mais vitaminada. Batizada de GTS. Debaixo do capô havia um propulsor, fundido em liga leve, com 1.647 cm³ que desenvolvia a potência de 96 cavalos a 5.750 rpm. Era alimentado por um carburador de corpo duplo. De série vinha com caixa de cinco marchas e como opção havia a automática visando principalmente o mercado da América do Norte. Não vendia bem nos Estados Unidos mas era muito apreciado no Canadá onde as pessoas de origem francesa tem numero importante na população. Para lá ia equipado com cambio automático e motor 2,2 litros do irmão Renault 20. E infelizmente recebia para-choques bem maiores e faróis retangulares que o descaracterizavam bastante.

Mais esperto, sua velocidade final era de 175 km/h, 0 a 100 km/h em 13.4 segundos. e os primeiros 1.000 metros eram cobertos em 33 segundos. E tinha bom consumo. A média era de 14,5 km/l nesta versão. A suspensão dianteira tinha molas helicoidais e atrás eixo rígido o que era raro num carro francês e não muito apreciado. Mas a estabilidade era notável. Nesta versão, equipada com belas rodas de liga, os pneus tinham medida 175 SR 13. 

Por dentro tinha quatro verdadeiros lugares. Iam com conforto pessoas adultas.

O painel abrigava velocímetro graduado até 220 km/h, conta-giros, marcador de temperatura da água, nível de gasolina e amperímetro. O volante de dois raios, com regulagem de altura e duas cores combinava com o conjunto. Os bancos dianteiros eram envolventes, com apoios laterais para as costas, encosto para a cabeça e os de trás espaçosos.

Não satisfeita com os números de vendas, em meados de 1980 era bem-vinda a versão TX/GTX. O motor estava um pouco mais picante. A cilindrada passava a ser de 1.995 cm³ e a potência subia para honestos 110 cavalos.

O torque máximo  ia para 16,6 mkg. Mais moderno, o comando de válvulas era no cabeçote. Sua velocidade máxima passava a ser de 190 km/h. Por fora se diferenciava pelas rodas de desenho distinto com pneus 185 HR 14 da marca Michelin, pára-brisas laminado e limpadores para o vidro traseiro. 

Seus concorrentes eram o Peugeot 504 cupê, o Ford Capri 3000, o Opel Manta 2000, o VW Scirocco 1600 GLI, o Alfa 2000 Spider Veloce, o Lancia Beta cupê 1600 e o Fiat X 1/9.

Em 1983 entrava nas linhas de produção a versão topo de linha. O Fuego recebia um motor turbo. Atingia a maioridade. Ia atacar Alfetta GTV 2.0, Matra Murena S, e o   Volkswagen Scirocco GTX 16 válvulas.

O motor de quatro cilindros tinha 1.565 cm³ e era alimentado por um carburador de corpo simples. Era equipado com um turbocompressor da marca Garret e a potência subia para 132 cavalos a 5.500 rpm. O torque pulava para 20,4 mkg, praticamente o dobro da versão mais tranquila. Sua velocidade máxima era de 205 km/h e os 1.000 metros eram vencidos em 30 segundos. Agora sim o fogo estava mais quente. Ganhava novas rodas de liga, faixas laterais nada discretas com a inscrição Turbo, faróis dianteiros auxiliares e novas cores metálicas. A grade dianteira estava um pouco menor e o capô avançava  com faixas  pretas horizontais.

Também chegava, para espanto de muitos, num esportivo, uma versão turbo-diesel. O motor, o mesmo do Renault 30, tinha 2.068 cm³, taxa de compressão de 21,5:1 e potência de 85 cavalos a 4.250 rpm. Sua velocidade máxima era de 165 km/h.

Infelizmente não obteve os resultados esperados pela Renault, nem com o modelo Turbo que tinha ótimas características e teve a produção encerrada em 1986.

Foi fabricado também na Argentina e fez sucesso. Começou a produção em 1983 e foi até meados dos anos 90. Era equipado com o motor de 2,0 litros e 105 cavalos. E o mais curioso, sua reestilização coube a um estúdio californiano. Foi produzido entre 1980 e 1986 na França e entre 1982 a 1992 na Argentina. Foram 265.367 exemplares.

Texto, fotos e montagem Francis Castaings. Demais fotos de divulgação . Foto de abertura do site francês News  Anciennes  e site Renault Classique                                                     

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