Um sucesso chamado 904
Depois de sucessivos sucessos com os modelos 550 RS Spyder, 550 Spyder/1500 RSK e 718 RSK WRS Spyder de 1963, a empresa situada em Stuttgart, iniciava a produção de um modelo fechado, um cupê, para competição e estradas. Mas foram poucas versões civis. Era o Porsche 904 Carrera GTS. A carroceria foi desenhada pelo genial Ferdinand Alexander Porsche, mais conhecido por Butzi, neto de Ferdinand Porsche. O mesmo autor do desenho do Porsche 911
Seu motor com quatro cilindros opostos (Boxer) era arrefecido a ar, em posição central traseira, com dois comandos de válvulas no cabeçote, tinha 1.498 cm³ e potência variava conforme a preparação entre 110 a 155 cavalos a 7.000 rpm. Este motor era oriundo do Porsche 356 Carrera 2.
Tinha lubrificação por cárter seco e duas velas de ignição por cilindro. Com taxa de compressão de 9,5: 1 e alimentado por dois carburadores de Solex de corpo duplo. Seu o torque era de 11,8 m·kgf a 5.000 rpm. Tinha dupla ignição e o conjunto motriz era fundido em alumínio e magnésio. O esportivo pesava 640 quilos sendo que a carroceria apenas 90 quilos.Tinha tração traseira e suas caixa de marchas tinha cinco velocidades. Era obra do engenheiro Ernst Fuhrmann. Nesta configuração sua velocidade máxima era de 210 km/h. Suas linhas eram muito bonitas e tinha ótima aerodinâmica.
Foi o primeiro projeto da casa a usar carroceria em plástico reforçado com fibra de vidro apoiada um chassi de aço que era leve.
A meta para homologação na FIA (Federação Internacional do Automóvel) era de produzir 100 carros. Mas chegaram a 120. Por dentro tinha bancos esportivos fixos e os pedais assim como a barra de direção eram ajustáveis.
No painel simples , mas bem equipado, havia conta-giros graduado a 8.000 rpm com a zona vermelha começando aos 6.500 giros, velocímetro até 280 km/h, marcador de temperatura do radiador, pressão de óleo e amperímetro inseridos no terceiro mostrador circular a direita. O velocímetro tinha com marcador de quilometragem total e parcial (muito útil para quando usado em ralis e corridas como a Targa Florio na falta de instrumentação de rali não muito frequentes nesta década)
Em 1964, o Porsche 904, ganhava a tradicional prova italiana de Targa Florio. Nesta usou o motor seis cilindros boxer que se tornaria muito famoso também no carro de rua 911 (leia sua história) . Com motor de 1.966 cm³ e dois carburadores, desenvolvia 180 cavalos a 8.000 rpm e atingia mais de 250 km/h e fazia de 0 a 100 km/h em seis segundos. Disputava na categoria 2,0-litros nas pistas do velho continente e seu maior "inimigo" era o Ferrari 166 Dino Spider (conheça) . Suas medidas eram 4,09 metros de comprimento, 1,54 de largura e 1,06 de altura.
Foi muito bem em várias provas. Ele competiu em vários campeonatos até o fim de sua carreia em 1971. Venceu a Targa Florio em 1964 com Colin Davis e Antonio Pucci. A média foi superior a 100 km/h. Foram 10 voltas, totalizando 720 quilômetros em 7 horas e 10 minutos. A prova foi realizada entre 1906 e 1977. A prova foi idealizada, criada, financiada e organizada por Vincenzo Florio, um siciliano de rica família fascinado por automóveis. Targa em italiano significa placa e o vencedor recebia a mesma em ouro. A Porsche foi a maior vencedora da famosa prova na Sicília.
As três horas de Monza em 1964 com Ben Pon.
Vencedor na categoria GT das 24 Horas de Le Mans 1964 com Robert Buchet e Guy Ligier.
Venceu na categoria P 3.0 as 12 Horas de Sebring 1964 com Briggs Cunningham. Outra vez na França na categoria P 2.0 nas 24 Horas de Le Mans em 1965 com Herbert Linge e Peter Nöcker. E também a GT 2.0 com Gerhard Koch e Anton Fischhaber. Na categoria GT 2.0 venceu os 2.000 Quilômetros de Daytona, nos Estados Unidos em 1965 com Charlie Kolb e Roger Heftler. Também na América na categoria GT 2.0 as 12 Horas de Sebring em 1965 com Lake Underwood e Günther Klass. Em 1966 campeão na categoria S 2.0 nas 24 Horas de Daytona 1966 com Gerhard Mitter e Joe Buzzetta. Venceu a na categoria S 2.0 as 12 horas de Sebring em 1966 com George Follmer e Peter Gregg. Ganhou o campeonato Europeu de subida de montanha na categoria esporte em 1964 com Edgar Barth. Também na subida de montanha na categoria Gran-Turismo em 1964 com Heini Walter e em 1965 com Herbert Müller. E o segundo lugar geral no Rali de Monte-Carlo em 1965 com Eugen Böhringer e Rolf Wütherich. Só para citar algumas vitórias e vários nomes famosos que pilotaram o 904. Venceu nos principais continentes do automobilismo mundial.
Utilizou também um motor com oito cilindros boxer, apenas dois exemplares com a potência de 225 cavalos. Em todos os modelos 904/4, 904/6 e 904/8 tinham suspensão independente na frente, duplo braço diagonal com amortecedores telescópicos e molas helicoidais. Atrás braços diagonais duplos com barra estabilizadora, amortecedores telescópicos e molas helicoidais. Seus pneus eram na medida 38 x 15 na frente e atrás montadas em rodas de aço estampado.
A Porsche comemorou 70 anos em 2018. Seu primeiro sucesso dentro e fora das pistas foi com o modelo 356. O projeto foi revelado em 1947 e comercializado já em 1948. Quase três milhões de carros produzidos depois pela Porsche e um recorde de vitórias impressionante em várias modalidades. Seja em circuitos de provas de curta ou longa (Le Mans) duração, grandes ralis ( Paris-Dakar), etc. Leia mais sobre o 911, 914, 917 e o 928
Foi sucedido pelo Porsche 906 ou Carrera 6, como ficou conhecido. A inscrição ficava logo atrás da caixa de rodas, nos para-lamas dianteiros. O nome, também muito conhecido em modelos de rua, era devido a grandes vitórias da casa de Stuttgart na famosa Carrera Panamericana, disputada em estradas no México. O 904 foi produzido até 1965. Hoje tem presença cativa nas corridas de veículos históricos de competição.
